A Garganta da Serpente
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O Paladino

(Pile)

Em sombrios tempos imemoriais, um reino, Nelfhelm, governava o destino de quase todos os outros reinos e tribos, que eram alianças entre reinos menores, muito comum naqueles tempos…

O senhor de Nelfhelm era um rei muito cruel e perverso. Seu nome era Melkior, o Carniceiro. Era bem merecida essa alcunha, pois de fato Melkior punia seus inimigos, que eram muitos, com a morte por esquartejamento em praça pública. Misericórdia era lhe totalmente desconhecida, pois ele matava todos aqueles que desafiassem a sua vontade. Não havia prisões no reino, pois não eram necessárias, já que todas as infrações e delitos eram punidos com a morte, ou, às vezes, com exílio por dez anos, quando se tratassem de nobres revoltosos (Melkior não era nenhum tolo e sabia que não poderia matar um nobre de seu reino, pois precisava deles em suas frequentes guerras).

O povo de Nelfhelm vivia uma vida miserável, pois os impostos eram sobremaneira elevados, pois era necessário muito dinheiro para manter o enorme império de Melkior, que era sustentado no terror de suas terríveis guerras…

Apesar da grande opressão de muitos reinos sob o domínio de Nelfhelm, houve sempre quem o desafiasse e a punição era sempre terrível e bastante criativa também (uma vez, um rei que ousou questionar a política de impostos de Melkior foi preso e obrigado a engolir as moedas de sua contribuição anual!). As punições eram variadas, iam desde enterrar vivos os infratores até o esquartejamento, que era a pena favorita de Melkior.


Um dos que ousou desafiar Melkior foi um corajoso paladino, que servia ao rei de Erkenbast, que era um pequeno e pobre reino de pastores, localizado a leste de Nelfhelm. O rei de Erkenbast, Hiram II, era um homem bom, que não admitia injustiças e seria exatamente isso que lhe causaria a ruína mais tarde…

Certa vez, os homens de Melkior passaram em Erkenbast para o recolhimento do tributo anual e, como de costume, não se contentavam em apenas cobrar os altos impostos, mas também deleitavam-se em molestar as mulheres e camponeses em geral.

Assim, os soldados de Melkior caminhavam pelos campos, perto da cidade, onde já haviam cobrados os impostos. Foi então que viram ali perto uma pequena cabana, as margens de tranquilo lago, e decidiram ir lá ver o que podiam conseguir. Chegando lá, bateram a porta de madeira e logo um senhor de uns setenta anos apareceu na soleira da porta e perguntou:

- O que querem?
- Os impostos, velhote!, retrucaram os soldados.
- Pois eu nada tenho aqui, meus caros amigo!
- Veremos, responderam os soldados, empurrando o velho para o lado e entrando na casa.

Realmente, não acharam nada, mas mesmo assim divertiram-se me quebrar todas as coisas que estavam na cabana, ao que assistia o velho morador atônito, sem saber o que dizer ou fazer. Depois de terem quebrado tudo, os soldados decidiram dar uma surra no velho e foi o que fizeram, apesar dos desesperados gritos do velho, implorando misericórdia…

Foi, então, que um jovem que passava por ali, ouvindo os gritos do velho, veio em Socorro do mesmo, com mais dois homens armados. Eram os guardas do Rei Hiram II.

Ordenaram aos soldados de Melkior que parassem, mas os mesmos recusaram e disseram em tom desafiador:

- Se querem que deixemos de bater no velhote, venham aqui, seus covardes miseráveis!
- Está bem, vai se arrepender por sua insolência!, respondera o jovem que liderava os guardas do rei.

Então, começou uma luta na cabana do velho: eram três (o jovem mais os guardas do rei) contra cinco soldados de Melkior. Apesar de estar em desvantagem, o jovem era muito forte e corajoso e, por isso, conseguiu matar todos os soldados de Melkior, exceto um, o líder do grupo, para o qual o jovem agora estava com a espada encostada em sua garganta, pronto para desferir um golpe mortal. Indignado, o jovem disse:

- Como ousa lutar comigo, Paladino do Rei! Concedo-lhe a vida, para vá para junto de seu rei e nunca mais volte a essas terras!

Sem nada dizer, o soldado humilhado partiu para Nelfhelm, onde contou a Melkior tudo o que acontecera. Melkior ficou furioso e declarou Guerra a Erkenbast, convocando suas poderosas e inumeráveis legiões.
O Rei Hiram II, sem saber o que fazer pediu conselho a seu paladino, que declarou:

- Majestade, sozinhos seremos massacrados por Melkior! Temos que pedir ajuda aos reinos vizinhos!
- Mas, quem nos ajudará? Todos temem Melkior!, indagou o rei exasperado.
- Há reinos poderosos e tribos que nos ajudariam, tudo o que precisam é de um pretexto e uma persuasão eloquente! Eu posso tentar falar com eles!

Então, ficou decidido que o paladino iria ter com as tribos vizinhas, em busca de uma aliança contra Melkior. E de fato o paladino conseguiu convencer muitas tribos inimigas de Melkior a apoiarem a causa do jovem paladino, porem não a tempo suficiente de salvar o reino de Erkenbast…

Sim, porque apenas três semanas depois, o paladino soube que Erkenbast for a invadida for a invadida e a quase todos os habitantes mortos, inclusive o bondoso Rei Hiram II. Foi uma ação exemplar para incutir medo nos inimigos de Melkior!

Mas, o jovem paladino não se deixou abalar e jurou vingança!

Então, uma longa guerra começou com o reino inimigo, envolvendo dezenas de outras tribos aliadas! Era realmente uma guerra mundial, reis de países distantes levavam seus exércitos a luta, contra as aldeias inimigas, muito sangue foi derramado e vidas ceifadas, mas nenhum lado conseguia derrotar o outro em definitivo, eram ambos muito poderosos, por isso a guerra se arrastou por vários anos, até que o paladino ficou muito velho e adoeceu em uma de suas campanhas, morrendo depois de 3 dias.

Após as solenes cerimônias fúnebres, o povo da sua tribo começou a questionar a continuidade daquela guerra, que havia começado em nome da honra do falecido paladino, muitos estavam cansados de lutas e queriam voltar para suas casas, pois fazia muitos anos que não viam suas esposas e filhos...

Porém, havia poderosos reis, que ainda insistiam na guerra, que era proveitosa para seus reinos e lhes rendia muitas riquezas, por causas dos vultuosos saques realizados ao longo de todos aqueles anos...

Então, Peres, filho do falecido paladino, incitou o povo a continuar a guerra, em honra de seu falecido pai, agora um grande mártir e herói de guerra (estátuas dele foram erguidas por toda parte). Peres sabia ser muito persuasivo e logo angariou um enorme exército e apoio de diversos reinos de várias das tribos aliadas. Com isso, a guerra continuou, terrível, devastando territórios inteiros, saqueando aldeias e estuprando as mulheres dos soldados mortos, sim, a guerra era terrível, embora Peres não aprovasse esse comportamento brutal de seus soldados, pouco podia fazer para detê-los...

Então, tocado pelo remorso, Peres jurou que pararia a guerra após conquistar o reino de Nelfhelm para si mesmo, onde ele jurava reinar com sabedoria e justiça! Nelfhelm era um dos mais poderosos reinos daquela época e era um dos principais inimigos de Peres e sua tribo!

Seu rei, o cruel Melkior, governava Nelfhelm com grande brutalidade, seus súditos o odiavam, embora o temessem e respeitassem, pois a punição para os traidores era terrível (esquartejamento em praça pública).

Peres, contudo, havia jurado pela honra de seu falecido pai, que mataria Melkior e reinaria em Nelfhelm um dia, custasse o que custasse...

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