A Garganta da Serpente

Marcos Antônio Filho

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O Rapto da Loba

(Marcos Antônio Filho)

- É, realmente nada marca mais do que nossa primeira paixão. É a descoberta do mundo, é quando aprendemos a viver de verdade. É perceber que a mesma mão que acaricia é a nos flagela. É essa paixão que vai marcar pra vida inteira.

- Com certeza meu amigo, uma paixão sempre traz as cores que faltam ao nosso cotidiano. Decerto também, que essas cores ofuscam nosso raciocínio, mas preferiria não pensar em nada além de meu amor do que exercer essa minha função de burocrata.

- Mas a melhor das paixões é primeira, que sucumbe o nosso coração aos sentimentos ocultos do mundo, da forma mais avassaladora possível.

- Mas todas as paixões sem nenhuma exceção são avassaladoras.

- Aí que você se engana amigo. Paixões às vezes nascem de cordialidades, afinidades, se alimentam de suspiros sem sentido e tomam as rédeas de nosso coração. A paixão quando é avassaladora, tomam de súbito e corrompem todo o tipo de pensamento contrário ao seu objeto de desejo. É algo que consome por inteiro sem precedentes. A minha primeira paixão foi incrivelmente avassaladora, minha vida seria outra se tudo que imaginei fosse certo.

- Ora conte-me a sua história, talvez eu me convença de sua teoria dos diversos tipos de paixões.

- Não é teoria, é uma afirmação clara e convicta. É só abrir os olhos para vê-la.O coração não se leva por qualquer encantamento, inclusive o meu. Eu garanto a você que existem dois tipos distintos de paixões. Uma é comum é a que na maioria das vezes sentimos por alguém ou por algo. A outra é a que corrompe seus princípios, sua vida, seu raciocínio e tudo que estiver na frente. Esta é uma paixão terrivelmente avassaladora. Se existem outras formas de uma paixão tomar o peito eu as desconheço por descrença de meu sofrido ser.

- Mas por que sofrido?Não foste feliz em suas paixões?

- Minha primeira paixão me trouxe coisas inimagináveis...Eu lhe contarei minha breve história. Tudo ocorreu no auge dos meus dezoito anos. Era viril, intenso, vivia com aquela sensação juvenil de dobrar o mundo em minha mão, de tanta ambição que havia em mim. Meu pai era militar de alto patente e queria que seu filho seguisse a sua orgulhosa carreira. Mas eu queria trilhar meu próprio caminho. O meu desejo era lecionar história, pois era fascinado pela história do mundo, pela magnífica roda do poder que aumentava a cada século. Minha única decepção na vida até então, foi não ter tido um amor, ainda não havia surgido à beleza exata, a sedução e a conquista exata para domar o meu coração. Modéstia à parte, era um rapaz muito bem apessoado e algumas meninas suspiravam por mim, porem todas eram puras, prendadas e sofríveis. Nenhuma tinha algo que me envolvesse, me deixasse louco, perdido, embebido em seu néctar de amor. E por isso preferia me aconchegar na frieza da solidão.

- E nenhuma das donzelas não se insinuou pra você?

- Ah! Com absoluta certeza que sim, mas o simples prazer de desvirginá-las não me satisfazia, não tinha a devida paciência e, além disso, por não conseguir nutrir nenhum tipo de sentimento por qualquer pessoa, o sexo se tornaria algo mecânico, em vez de corpos entrando em clímax, os corpos são transformados em máquina de operários industriais. Mas deixe-me continuar. Após muito relutar, meu pai cedeu o meu desejo e aceitou que eu cursasse a faculdade de história. Aquilo era a minha verdadeira vocação, todas as aulas me interessavam e eu era um aluno aplicadíssimo. Em uma matéria em especial, fiquei fascinantemente envolvido. Fui conquistado pela didática e também pela professora, Carmem.

- Como era ela?

- Sem interrupções a partir de agora. Carmem era uma mulher na faixa dos quarenta, mas aparentava muito menos. Ela tinha um certo ar latino, um rosto moldado por expressões ibéricas. Depois descobri que ela era espanhola radicada no Brasil há muito tempo. Seu colo farto e seu sotaque carregado afirmaram isso. Uma cintura fina, um quadril largo, um sinal no pescoço e aos poucos ela me seduzia sem perceber. Suas pernas eram torneadas, porém ela nunca as mostrava, usando sempre calças que contornavam os músculos rijos de suas pernas. Aquele sinal do pescoço era tão sedutor, ela tinha um brilho no seu olhar negro, ela costumava dar uma leve mordida dos lábios quando lecionava e ela me deixava louco para tê-la em meus braços. Estava completamente extasiado, envolvido de corpo e alma. Ela tinha toda a minha atenção, o meu coração e tudo que ela desejasse ter. Tentava me conter, mas quando via me aproximava dela. Primeiro com dúvidas, falsas, em relação à matéria. Mas em meu pensamento desejava possuí-la por inteiro. Enquanto minha boca dizia uma coisa, meus olhos diziam outra. Ela respondia minhas dúvidas por completo e sorria para mim, me enfeitiçando ainda mais. Eu já estava louco de amores. Não dormia mais à noite, as outras aulas não me interessava como antes, e algumas pessoas próximas já comentavam que o meu coração de pedra tinha recebido a flechada do cupido. E era a mais concreta verdade. Eu amava Carmem, desejava Carmem e respirava Carmem a cada segundo. Mas faltava-me coragem e ousadia para assediá-la inteiramente. Eu era um moleque de dezoito anos, um pirralho para uma mulher tão íntegra, sedutora, maravilhosa. E eu vivia arrasado, amava e sofria por antecedência, pois eu tinha a certeza de que nunca teria os meus sonhos realizados, de ela nunca me olharia com outros olhos, eu seria para sempre o aluno dedicado de sua aula.

- Uma história triste amigo...

- Ainda não terminou. Ao final do período, meu pai comprou um carro para mim e ia constantemente desfilar com ele pela faculdade. Em uma sexta-feira chuvosa, não fui com os meus amigos para o bar e resolvi ir para a casa. Estava triste naquele dia, eu teria mais aulas com a minha amada professora. Eu havia passado com louvor em sua matéria, mas algo me corroia por dentro. A gente só sabe a verdadeira dimensão de uma paixão quando não há possibilidade viável de realizá-la. E eu sentia a paixão pulsando pelo o meu corpo inteiro e nada podia fazer para liberá-la. Ao caminho do estacionamento, Eu encontro Carmem. Linda, perfeita como nunca. Aquela calça apertada realçando todos os detalhes de suas pernas. Meu coração disparou, meus olhos brilharam. Eu a cumprimentei e ela me retribuiu. Quando me retirava, ela surpreendentemente me pergunta:

"Onde você está indo?"

"Eu estou indo pegar o meu carro." Respondi tentando disfarçar minha surpresa.

"Você se incomodaria de me dar uma carona? Meu carro está no conserto."

Um convite irrecusável pra mim, aquela maravilha espanhola pedindo carona com seu sensual sotaque das Astúrias. E ainda tinha uma certa malícia no olhar, mas preferi não crer nisso na hora. Eu não cri em nada que estava acontecendo no momento. Eu demorei um curto espaço de tempo para achar a resposta certa e parar de tremer e ficar excitado, mas consegui respondê-la:

"Claro que não, me acompanhe."

Até chegarmos ao meu carro, que estava há uns duzentos metros de distância, conversávamos sobre as notas da turma. Ela sempre puxava assunto, mencionando fulano ou beltrano que estudava comigo e eu nem sabia que existia. E ela também não se cansava de elogiar minhas notas e meu interesse pela sua matéria. Em seu olhar, Carmem levava um brilho diferente de quando lecionava, uma ansiedade se ocultava em seus movimentos das mãos e no tom de voz, um mistério que me seduzia instantaneamente quando falava. Indagava mentalmente se ela tentava me seduzir. Ela nem precisava me seduzir, eu já estava entregue a seu corpo, a seu bel prazer. Mas eu me mantinha ali, nervoso e excitado, mas tentando me mostrar sensato e correto, e por dentro pegando fogo de desejo pela aquela mulher. Entramos no carro, a chuva aperta um pouco. Resolvo perguntar aonde devo levá-la.Ela põe a mão dela em cima da minha, que estava prestes a engatar a ré, e responde:

"Vou aonde tu quiseres ir, meu niño."

Uma leve mordida nos lábios enquanto a olhava. Estava a ponto de enlouquecer, mas me segurava. Tudo podia ser apenas fruto da imaginação, eu estava obcecado por ela e podia muito bem estar fantasiando. Mas a minha mente imaginava ela nua, sendo jogada no banco de trás e fazer amor selvagemente até desabar de exaustão e êxtase. Mas me mantinha cauteloso, não queira fazer nenhuma besteira. Afinal, o que ela podia querer comigo, um moleque que tinha acabado de sair das fraldas?

- Muita coisa meu amigo, dependeria da criatividade dela...Mas o que você fez?Você a levou aonde?

- Na hora, não tive a menor ideia do que fazer. Se quando jovens temos um vigor incontrolável, nos falta poder de raciocínio para decidir as pendências com destreza. Ideias surgiam e desapareciam na velocidade da luz. E eu sabia que uma decisão rápida seria crucial para as minhas intenções. Liguei o carro e saí da faculdade. Pensei em algum barzinho por perto, mas não queria ser visto por ninguém. Então pensei em dar uma volta pelo bairro, quem sabe eu consiga achar um lugar interessante pra gente conversar. Ficamos em silêncio, não conseguia imaginar em nada pra falar. E ela ajeitava o cabelo, a sua blusa e me olhava pelo canto dos olhos. Ela de repente decide quebrar o silêncio:

"Você não sabe aonde ir?"

Hesitei um pouco, mas em seguida afirmei com a cabeça dando um sorriso amarelo de vergonha de não ter pensado nada de interessante. Ela sorri com toda a malícia que eu descobri que ela tem. Carmem vira o seu corpo para o meu lado. Olho de relance e vejo o seu decote com os seios fartos saltando. Tento me manter concentrado na pista, hoje é dia de chuva, a atenção é redobrada. Ela chega perto do meu ouvido e me confidencia:

"Sabe... Eu reparei que você sempre olhava para mim com outros olhos na minha aula."

Nesse momento gelei. Arregalei os olhos, imaginando o pior. E agora como eu ia me explicar, era o que pensava na hora. Eu gaguejava tentando uma explicação, mas Carmem me interrompeu:

"Cansei de ver o senhor olhando para os meus seios. Imagino quando eu me virava para o quadro, para onde o senhor olhava."

Mais um riso malicioso e eu ficava encabulado a cada segundo que se passava. Eu não pensava em nada para me defender. Não conseguia mentir e contrariar o meu grande amor. Só me restava dirigir com cuidado para algum lugar que me desse à inspiração para ter uma explicação convincente para tudo que estava se revelando em meu carro. Mas a surpresa nasce na fração do segundo que se passou. Carmem, com um movimento de absoluta destreza, abre o zíper da minha calça e agarra meu membro, que estava totalmente ereto e firme. Ela sussurra eroticamente, enquanto me acariciava:

"Eu adoro ser desejava. Você não sabe o tesão que isso me dá, eu fico toda molhada" Ela passa a língua nos lábios. Eu olho de relance os seios dela, louco para beijá-los.Ela me ordena: "Me leva pra um motel agora, vou te mostrar do que eu sou capaz."

Eu estava em uma situação surpreendentemente adorável. Dirigindo um carro com a mulher dos meus sonhos agarrada no meu membro. Em um misto de espanto e excitação extremo, não pensei duas vezes e sai loucamente em busca de um motel antes que eu ejaculasse na mão de Carmem. Aquela mão era tão macia, e as grandes unhas vermelhas davam um clima libertino. A boca de Carmem estava inquieta, ora mordendo os lábios, ora abrindo a boca como estivesse me chupando, e isso me dava um prazer quase tântrico e múltiplo. Cheguei a temer pela minha morte, eu poderia muito bem perder o controle e ir ao céu duas vezes: morrendo e tendo um orgasmo. A segunda opção tornou-se inevitável devido à velocidade de Carmem na execução do ato e do meu prazer exacerbado, quando parei em um sinal há trezentos metros de um motel. Um pequeno gemido envergonhado e meu sêmen estava na mão macia de Carmem e na minha calça. Ela se limpou com um lenço e balbuciou:

"Gostou? Esse vai ser o primeiro de muitos hoje... eu sou insaciável."

Eu ainda me recompondo, colocando meu membro pra dentro da calça, me excito novamente. Se só com a mão ela faz isso, imagina com o resto do corpo!Entro rapidamente no motel estava louco para transar com Carmem, que fez a melhor preliminar da minha vida. Pego as chaves do quarto e subo com Carmem aos beijos. Beijos tórridos, lambuzados, para me deixar mais louco de desejo. Ela lambia meu pescoço, dava leves mordidas e sussurrava obscenidades com seu portunhol. Eu estava novamente em ponto de bala. Entramos no quarto, e totalmente possuído pelo os meus instintos sexuais, a jogo agressivamente na cama. Ela aperta um seio contra o outro e grita pra mim:

"Vem me come de uma vez!"

Eu arranquei as suas roupas e a vi totalmente nua. Aqueles seios fartos guardados na blusa escondiam mamilos grandes e acolhedores. Seu quadril curvilíneo, seu sexo me chamavam para possuí-la o quanto antes.Caí de boca naqueles mamilos enquanto introduzia nela. Ficamos horas transando, fizemos todas as posições humanamente possíveis, Carmem era uma profunda conhecedora do Kama Sutra. Fizemos tudo que podia nos dar um orgasmo. Perdi a conta de quantos orgasmos tive e de quantos ela teve também. Cada orgasmo de Carmem era um escândalo, ela proferia palavras em espanhol no timbre mais alto da sua voz. Estava exausto e esfolado, nunca tinha feito tanto sexo em toda a minha vida, nunca tinha sido tão feliz também. Se antes eu estava fascinado por ela, agora Carmem virou minha doce obsessão. Queria que aquele momento nunca acabasse, que eu pudesse fazer amor com Carmem sem parar. Naquele momento e achava que ela era a mulher da minha vida.

Carmem fumava um cigarro enquanto eu não conseguia disfarçar minha alegria. Eu custei a acreditar que a mulher que sempre sonhei tinha feito amor comigo por uma tarde inteira. Eu a observava nua, e ainda conseguia ficar excitado, após tantos orgasmos seguidos. Ela percebeu e comenta rindo:

"Eu já não aguento mais, usted é mais insaciável do que eu."

Ela ria e punha a mão em seu íntimo, como se me proibisse de entrar mais uma vez ali. Mas Carmem era bondosa e novamente pôs a mão no meu membro e o acariciou novamente. Eu estava mais fascinado do que nunca por ela e me declarei como forma de agradecimento as suas carícias:

"Eu amo você Carmem, você é maravilhosa, você fez tudo que sempre quis fazer. Desde o inicio do período eu desejava ficar com você"

"Você me acha gostosa?"

"Acho. Faria amor com você todo dia"

"Ótimo. Eu amo fazer sexo e me apaixonei por você também. E meu maior prazer será te dar todo o prazer do mundo pra você, meu querido."

Ela acelera o ritmo da sua mão e começo a me contorcer de prazer. Ela me propõe:

"É terminantemente proibido professores se envolverem com os alunos. Mas não posso ficar longe de você, então não há alternativa senão fugir. Foge comigo?"

"Eu fujo, eu fujo com você pra onde você quiser!"

Respondi ofegante a ela. Em seguida tenho mais um orgasmo e gemo alto de prazer. Ela sorri de prazer e continua:

"Vamos precisar de dinheiro meu amor, bastante dinheiro. Será que você consegue?"

"Eu consigo, eu consigo tudo ficar pra ficar com você. Eu não posso mais ficar longe de você."

Passei a mão no rosto dela, com carinho, enquanto ela olhava pra mim com a mesma malícia de antes. Eu estava completamente louco por ela. Fiquei cego de amores pela Carmem, era o meu sonho realizado, não queria mais nada na vida. Mas esse foi o meu grande erro.

- Como assim?Ela disse que te amava, nada mais justo do que se entregar a um amor tão bonito...O enredo perfeito para um final feliz.

-Teoricamente sim. Mas a teoria é antagônica ao coração. Pensei por dias e dias uma maneira de conseguir dinheiro. Encontrávamos-nos esporadicamente, passávamos tardes fazendo amor e fazendo planos para um futuro na Espanha. Eu pensava em várias coisas, como pedir dinheiro ao meu pai, ou pegar sem ele saber. Achei arriscado demais, e então tive uma ideia de vender meu carro. Ele estava seminovo, tinha andado muito pouco e em ótimo estado. Rapidamente um comprador apareceu e vendi por um bom preço. Após mais uma tarde fazendo amor com Carmem, conto a ela sobre o dinheiro conseguido. Ela me beija radiante de alegria e me pede eufórica:

"Você me dá o dinheiro, e em dois dias, nos encontramos no aeroporto. Aí nos hospedaremos na casa de minha mãe e termos vida nova, meu amor!"

Ela monta em cima de mim e voltamos a fazer sexo loucamente.

Entrego o dinheiro a ela e espero ansiosamente pelo o dia da nossa fuga. Tudo preparado, roupas, objetos pessoais e até uma carta de despedida para os meus pais dizendo o que estava fazendo, o porque e afirmava que ligaria assim que chegasse em outro país. Meu passaporte estava pronto. Chego na hora marcada perto do portão de embarque ansioso por encontrar meu grande amor na minha nova vida com ela. Olho em todas as direções em busca da minha amada e nada. Um pequeno atraso, normal para uma mulher. Tanta coisa para arrumar e muito normal que ela se atrase. Um inocente engano. Dez, quinze, trinta, uma, duas horas depois e nada de Carmem aparecer. Fiquei preocupado poderia ter acontecido alguma coisa com ela. Fui até a faculdade em busca da moradia dela. Ela se demitiu e desapareceu. Ligo para sua casa, mas ninguém atende. Sair ela saiu, mas para onde era o mistério. Se eu não obtivesse notícias indo a casa dela, eu procuraria a polícia. Após conseguir o endereço dela, vou a disparada a sua casa em busca de alguma notícia. Lá encontro uma porta trancada, e bato na porta do lado. Uma vizinha me informa que ela saiu um dia antes do combinado para Espanha com um homem. Vou embora com o meu coração partido. Fui usado para ela fugir com outro homem. Minha carteira estava limpa e a alma totalmente desolada. Fui usado como um objeto, uma máquina registradora...E iria ter sérios problemas com meu pai quando ele soubesse do carro. Estava perdido

- Nossa, amigo... Você deve ter ficado arrasado...

- Fiquei brutalmente arrasado. Desisti da faculdade e resolvi seguir o caminho do meu pai que ele tanto sonhava. Por isso estou aqui hoje na burocracia militar, uma patente comprada e uma vida solitária, confortável, monótona.Com certeza tive outras paixões em minha vida, mas nunca me entreguei da mesma maneira que me entreguei a Carmem, nenhuma mulher foi tão avassaladora como ela. Ela me mudou profundamente, eu que era um rapaz sonhador cheio de planos, me tornei um burocrata rabugento e inútil. Mas nunca esquecerei dela. A paixão que mudou totalmente o rumo da minha vida. Bem, amigo a hora do almoço terminou, vamos trabalhar que a papelada não pode esperar mais.

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