Sofia menina exemplar, carinhosa de boa família, bonita e simpática,
muito educada, levando sua vida normal, gosto pelas coisas belas do mundo. Menina
normal acreditava no amor, era feliz assim, muito sorridente e inocente, passeava
pelas avenidas das flores, no seu bairro ensolarado. Já adolescente,
começou a namorar, romance de conto de fadas, conhecera seu príncipe
encantado. Todos a admiravam, outros tinham inveja da sua vida tão boa
e reluzente, diziam, a felicidade é sem duvida, uma coisa divina.
Uma noite quando caminhava pela Lapa, sentiu em seu ser um mal estar, náusea
talvez, algo estranho, sentiu um vazio na alma, sei lá? Certo dia desatou
seu romance de novela. Foi ficando estranha, queria mais da vida, seu corpo
implorava doses de não sei o que? Como uma égua no trote se jogando
pro nunca. Passou a viver em eterno questionamento sobre as coisas da existência.
Frequentava bibliotecas, salas de arte, inclusive arte erótica,
quando teve realmente um espasmo vendo um quadro fálico e sedutor chamado
O rápido da Ninfa, descrevia um Sátiro com um falo descomunal,
quando ela sentiu seu sexo palpitar, escorrendo um pouco de gozo. Enquanto perambulava
por aí, começou a se dar conta de sua vida chata e sem emoção;
passou a frequentar lugares horrendos, bar cheio de bêbados, delinquentes.
Dava-lhe prazer àquela atmosfera, o submundo atraia-lhe sedutoramente.
Entre um programa e outro, foi se envolvendo pouco a pouco com rapazes bonitos
que lhe ensinaram a arte de foder. Foi deflorada pela primeira vez. Sua latência,
agora aflorava. Foi sendo fodida aos poucos, começou a gostar, ia fodendo
sem se preocupar. A descoberta do sexo e seus benefícios, fez com que
ela despertasse para um tipo de peste que habitava seu corpo.
Convidava os rapazes mais bonitos para sair, bebia vinho, depois fodia, uma
possessão ia lhe envolvendo. Entregava-se com lascensço que invadia
suas entranhas, que gostava mais que tudo. Ela vadiava entre noites ácidas
de puro êxtase, vinho, loucura. Entre penetrações lancinantes,
laceração continua que perfuravam seu sexo, que às vezes,
insípido e lala suportavam o irromper dos membros selvagens. A fustigação
criou um costume, que sua loucura não abdicaria jamais.
Mesmo sem entender ainda as coisas selvagens e desconhecidas, sentiu que seu
corpo suportaria qualquer coisa, então partiu para um tipo de selvageria
desenfreada. Em certo momento aceitaria aquela violência que seu corpo
implorava. Às vezes só para teste, andava em lugares não
confiáveis e sinistros, na esperança de ser currada, que logo
ocorreu, nem reagiu só aproveitou o momento, gostava da miséria
penetrando em sua carne. Agora sabia o que era foder com a desilusão,
e compreender o tipo de maldição que essas práticas trazem
pra alma.
Completamente seduzida, praticava todo tipo de modalidade erótica, apanhava,
batia, vomitava, cagava, mijava. Uma coisa louca foi tomando conta dela, uma
demência incontrolável, e sempre ir mais. Agrupou se uns quinze
caras com ela danaram a foder, ficaram horas naquilo, os paus entravam e saía
por seus orifícios, à porra jorrava em seu corpo com muita intensidade,
bebeu decalitros de porra até vomitar. Quando aquilo acabou, ficou olhando
para o teto, desolada, divagando, vendo os fantasmas e suas sombras rastejando
e agonizando naquele teatro de horror. Agora seu ato escarnizado não
ia parar a loucura o goro, já tinha se apoderado dela, como um câncer
que vai corroendo tudo, o ranço o fartum, o tornozelo na cabeça,
o sexo dolorido, e nenhuma esperança.
Decidiu, ia mais longe que pudesse. Vendera tudo que tinha para comprar todos
aqueles objetos no sex shopping. Penetrava-se com aquelas coisas até
sentir dor, ou saia à procura de aventuras. Às vezes lhe ofereciam
dinheiro, nunca aceitou, gostava e pronto; mulher que sente prazer nunca concorda
com isso, era sua natureza foder sem pedir nada em troca.
Seus sintomas genitais iam piorando a cada dia, sua xereca aparência de
uma ameba, o cu, o quadro O Grito de Edward Munch, o clitóris uma ferida
aberta, já tinha perdido toda a sensibilidade de tanto tentar obter prazer
do seu corpo que já não tinha mais utilidade para esses fins.
O orgasmo se tornou difícil, passava horas tentando arrancar gozo daquela
carne. Rompera as fronteiras físicas, os sentimentos foram extintos nem
mais alma tinha. Sentia dores no corpo, uma confusão lhe pairava entre
sexo e desespero. Perdera a referência do seu ser, sua identidade, ilusão,
conformidade, ria quando pensava nessas coisas e sentia-se bem por ter perdido
tudo.
Completamente louca, com furúnculos saindo de sua pele. Dias na demência
e no desespero, não dava pra voltar atrás. Um dia percebeu seu
estado de calamidade, tinha enlouquecido de fato. Na ânsia e no haurir
de obter prazer, utilizou-se de todos seus brinquedos, mas não teve sucesso,
o enfadar e impalpável procura a remetia a lambujem dos homens, e tudo
agora remoia seus pensamentos. Definhando em pus, peste e febre; babava como
um cão raivoso tremia gritava, não sabia mais quem era.
Decidiu então, ia ter um prazer que nunca teve antes, prazer único
e singular. Mexendo em suas coisas achou o objeto perfeito, logo o introduzindo
na buceta, acendeu o pavio e, em um êxtase completo, com voz tremula e
ofegante murmurou, foda-se!