Sons suaves do roçar dos pinceis contra a tela em branco formavam uma
sinfonia monótona, pouco a pouco essa monotonia ia desaparecendo e dando
lugar ao um leque de cores pastel que formavam uma bela jovem, revestida das
mais puras e belas sedas, com um lindo buquê de flores em seus braços,
um rosto sério e infantil.
A moça Agustine se encontrava por trás da tela, seus olhos pequenos
castanhos amendoados miravam fixamente o pintor. No entanto eles não
apenas miravam como olhavam para a face do jovem com um deleite apaixonado,
ele retribuía, e a cada pincelada na tela, além da tinta também
ficava sua paixão. Longas horas, longos dias e longos meses a pintura
nunca ficava pronta. Um simples retrato para um pintor tão experiente
e requintado, toda a dificuldade de concluí-lo tinha nome: Agustine.
Mesmo obcecado pela jovem, o pintor foi obrigado a concluir o quadro, ele planejava
durante a cerimônia de apresentação da obra pedir a mão
da bela em casamento. Entretanto o destino foi irônico e fez mais um de
seus jogos perversos com ele, durante a mesma cerimônia o comprador do
quadro, Revien, pediu Agustine em casamento sendo o quadro o presente de noivado
à moça. Ela triste e amargurada com lágrimas peroladas
rolando sobre a face, lágrimas disfarçadas da mais pura emoção
que continham a intocada tristeza, disse "Sim", o que podia
fazer? Sua família já a havia vendido pelo dote do rapaz, era
a única maneira de não ir à falência, e ela obedeceria.
O pintor, arrasado sumiu da cidade por uns tempos. Agustine casou-se com toda
a pompa de uma princesa numa bela cerimônia, e foi morar numa rua escura
e luxuosa da Inglaterra não muito longe da casa do seu amado pintor.
Preferia-a ser uma camponesa pobre e poder esperar ansiosa seu pintor todas
as noites àquela vida entre frias paredes, com joias, sedas, veludos
franceses, e festas praticamente toda semana. Seu marido era bom para ela, se
preocupava se estava em casa trancafiada só e somente, não lhe
dava amor e também não era aquele amor que ela desejava e sim
o do pintor.
Numa madrugada quando estava deitada insone, esperando seu marido voltar, ouviu
ruídos estranhos na porta do quarto e pensou ser ele, levantou-se e foi
abri-la, quão grande foi sua surpresa quando era seu pintor que estava
ali, pediu a ela que se vestisse rápido e o acompanhasse, ela assim o
fez. Uma simples carruagem os esperavam ela entrou e eles fugiram, foram morar
nos campos férteis e verdes.
O pintor continuou a pintar e vários dos seus quadros eram para sua amada
Agustine e assim começa outra história em suas vidas.
Era uma vez um pintor e sua esposa...
"Para tudo se tem uma segunda chance"