Desde a mais tenra infância este era o seu desejo. Quando frequentava
a missa com sua mãe, na pequena capela do bairro, sonhava em ser padre.
Ainda menino, auxiliava nas tarefas da igreja, passando a maior parte do seu
tempo livre em meio aos paramentos clericais. Nunca fora como os outros garotos
da sua idade. Sempre educado, silencioso, circunspecto.
Em casa, ajudava a mãe nas tarefas domésticas, já que,
além de pobres, não tinham mais ninguém nesta vida. Na
escola, era um aluno exemplar; sabia que isso seria muito importante para seu
futuro.
Conforme crescia e tornava-se um rapaz, mais forte era sua fé e mais
intenso era seu desejo de entrar para o seminário.
Ao contrário dos colegas, que só pensavam em garotas e namoricos
sem importância, ele estudava e se preparava para a vida monástica.
Agora, enquanto o austero religioso cortava seus cabelos, todas essas imagens
passavam por sua mente. Enquanto repetia os votos e se preparava para a clausura,
pensava em todas as coisas que estava deixando para trás e se questionava,
pela primeira vez na vida, fizera a escolha certa; se a religião seria
capaz de sufocar seus desejos homossexuais reprimidos por tanto tempo...