A Garganta da Serpente
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Desfrutou do próprio voto

(Adúl Miranda)

Estavam casados há quatro anos. Eram tão bons como marido e mulher, que não havia entre eles sinônimo de traição. Era durante o sexo que se davam melhor. Tentavam partilhar das mesmas fantasias, uma mais fantástica que a outra, que às vezes eram tão estranhas que pareciam perversas. Mas com esta partilha de ambos, eram o casal mais feliz que qualquer outrem conhecera.

Há dois anos que Sebastiana realizava uma mesma fantasia do marido. Durante o coito, o mesmo rito. Trazia para a cama uma fotografia da prima deste, a belíssima Melaine. Fôra com ela que Germino tivera a primeira noite como homem, e que, guardava em segredo da esposa; a melhor noite que já tivera.

Há algum tempo, Sebastiana já se inconformara com a situação. Queria estar presente ao marido durante o ato, como si mesma, e não atuando como a prima deste. Batalhara sempre contra ele, mas, para não quebrar a harmonia como casal e o pacto que haviam criado, acabara por render-se.

Foi quando uma vez, após Sebastiana ter tido esta brilhante ideia, que acabaria de vez esse fascínio do marido pela prima. Procurou nos antigos álbuns de família, e colheu uma foto antiga de uma jovem moça. Carregou-a para a cama, escondida atrás da foto de Melaine.

Quando o marido, suspirava de olhos fechados o envolvimento durante o coito, Sebastiana trocou a foto da tal prima, pela que escondia por trás. Tal foi o susto de Germino, quando ria de prazer e abriu os olhos para ver Melaine, viu a outra foto. Estava ali, penetrando sua falecida mãe.

Germino perdeu a sanidade quando descobriu que sua esposa engravidou naquela noite.

Viveram trinta anos, com um único filho, sem nunca mais terem copulado.

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