Todos os dias o coveiro a observava. Ela era de uma beleza impossível
de passar despercebida. Sempre às 11 da manhã pontualmente ela
cruzava o portão do pequeno cemitério no centro da cidade. Ele
sempre pensava que tipo de homem podia morrer tendo uma mulher daquela como
esposa. Na melhor das hipóteses um idiota.
Observou-a de longe por dois meses, até que resolveu se aproximar do
túmulo ao qual aquela mulher se dirigia religiosamente. Deparou-se com
um túmulo pequeno, com o seguinte epitáfio: "Aqui jaz Angélica
Venturini. Um anjo que mal teve tempo de fazer jus ao seu nome." E abaixo
as datas de nascimento e óbito: 05/01/2005-09/11/2007.
Sentindo-se um imbecil, chorou sobre as flores murchas que se acumularam ao
longo dos últimos dois meses.