A Garganta da Serpente
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A viúva

(Jô Oliveira)

Todos os dias o coveiro a observava. Ela era de uma beleza impossível de passar despercebida. Sempre às 11 da manhã pontualmente ela cruzava o portão do pequeno cemitério no centro da cidade. Ele sempre pensava que tipo de homem podia morrer tendo uma mulher daquela como esposa. Na melhor das hipóteses um idiota.

Observou-a de longe por dois meses, até que resolveu se aproximar do túmulo ao qual aquela mulher se dirigia religiosamente. Deparou-se com um túmulo pequeno, com o seguinte epitáfio: "Aqui jaz Angélica Venturini. Um anjo que mal teve tempo de fazer jus ao seu nome." E abaixo as datas de nascimento e óbito: 05/01/2005-09/11/2007.

Sentindo-se um imbecil, chorou sobre as flores murchas que se acumularam ao longo dos últimos dois meses.

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