A Garganta da Serpente
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Entre altos prédios e ritmo frenético

(Julio Fonte)

Vinha apressado no caminhar, acordara tarde e já estava atrasado para mais de vinte minutos. O sinal verde. No intuito de atravessar acelerou mais os passos e parou próximo ao fim da calçada. Diante dele uma profusão de carros rápidos passavam, passavam, passavam; atrás, dezenas de pessoas foram se colocando aos poucos formando ali uma pequena massa um tanto hipnotizada inclinada ao sinal num aguardo pelo verde e o cessar dos automóveis. Um silêncio repentino se fez por ali; denso, pesado, desses que esporadicamente e sem permissão, no âmago da metrópole, envolve alguns conglomerados humanos. Fez se por ali aquele silêncio, desses que nos carrega de desconforto e faz com que nos encontremos, nos inquietemos...

Olhou em volta. Olhos desconhecidos. Rostos desconhecidos. O passar dos automóveis. O sol quente, muito quente. Olhou para o céu, desviou os olhos da luz para o chão, no asfalto já derretido pneus deixando marcas e lembrou-se de outras marcas, lembrou-se de seus pés descalços procurando abrigo à sombra num dia também de sol quente, muito quente, após o jogo, mais um jogo; um lugar no passado onde não passavam tantos carros, lembrou-se de um tempo remoto quando retornava da escola e adentrava naquela rua comprimida e comprida de quatro ou cinco quarteirões se indagando sempre qual o significado daquele nome. Araçoiaba da Serra. E ao retornar da escola em imaginação um grande pássaro que vivera em outros tempos, tempos indígenas, um pássaro tão onipotente quanto o falcão ou gavião, um pássaro solitário que planava nas alturas da Serra. O Araçoiaba da Serra. Logo descartava tal ideia, seria mais provável que a citada Araçoiaba fosse uma árvore daquelas centenárias carregada de histórias, talvez existiram muitas naquela região há tempos, entre especulações caminhava vagarosamente no retorno da escola.

Morava no outro extremo, nº 34 D. O quarteirão onde residia era o pior para o jogo de bola. Todos os outros eram planos, aquele era o único onde a rua era bem íngreme. Havia o time de baixo. Havia o time de cima. Cada lado tinha a sua vantagem. O time de baixo, por exemplo, ao atacar possuía um maior domínio de bola, mas o ataque era lento. O time de cima tinha de sair disparado atrás da bola, havia maior velocidade ao atacar, mas menor domínio de bola. Naquela época ele jogava bola, recordava, sempre a ponta do dedão melado de sangue, o asfalto se mostrava implacável. Retornava da escola na expectativa, na ansiedade de que lá ao fundo, no outro extremo da rua, minúsculos, eles estivessem envolvidos com a bola, envolvidos pela bola. O Caveira jogava bem, mas era de corpo fraco, franzino, ia ao chão caído por nada, à toa à toa. O Rodrigo jogava um pouco melhor, dominava com classe, mas um tanto teatral e naquela rua, no jogo, era necessário ser rústico, a falta vinha dura! O Xande, brigão, demasiado, ganhava o jogo na malandragem. O Xande, lembrava, sempre foram muito amigos; em uma época anterior onde a fantasia reinava, passavam tardes e tardes envolvidos com bonecos em lutas fantásticas entre o bem e o mal e ali próximo ao fim da calçada na espera pelo sinal verde, um tanto absorto, esboçou um sorriso................................................ O Binho e o Nê, os irmãos. O Binho jogava, o Nê nada, nada mesmo. O Dodo mandava bem, na truculência, mas mandava bem. O Biscoito era liso, ligeiro, brigão. Quantas vezes ele e o Xânde se pegavam em não entendimento e isso significava socos distribuídos a esmo. O Cascão e o Caio eram os melhores. O Caio praticava outro esporte, no judô algumas medalhas. Certa vez desferiu um golpe no Caveira deixando-o todo desarticulado e todos os presentes boquiabertos. Ainda outros: o Totó, o Tuco... Esse era o time dos pequenos. Havia algo como a primeira divisão composta praticamente dos irmãos maiores e pais de todos eles. Quando esses jogavam se fazia espetáculo. Eles, os menores, ficavam por perto amontoados num canto de uma calçada observando entre exclamações exaltadas. Por vezes outro pessoal, os da rua de baixo, os da rua de cima, compareciam e participavam daquele espetáculo, tudo parecia tão bruto e violento e eles, os menores, entre exclamações na torcida, nas calçadas. Mas esses clássicos eram só uma vez por mês, sempre aos sábados. Os menores jogavam todos os dias, na chuva, ao sol, pela tarde, ao entrar da noite. Divergências eram uma constante e quando se tem menor idade qualquer divergência finaliza em agressão, visceral. As piores divergências ocorriam quando eram marcados os chamados "contras". Contra a rua um. Contra a rua de baixo. Contra a rua de cima. Esses jogos maiores não poderiam, de forma alguma, ser realizados em uma rua qualquer, até mesmo porque numa rua qualquer alguns seriam privilegiados; esses deveriam ser em um local onde o domínio não era de ninguém, um local de status imparcial. Esses eram no campo. Bem, na verdade era um campinho sem grama e de terra vermelha onde os buracos faziam-se quase piscinas. Pensou, esboçando mais um sorriso entre os lábios, que não houve uma única vez onde um desses jogos fosse finalizado com apertos de mãos. Ele sempre fora menos hábil com a bola entre os pés, mas no campo era pior ainda. Nunca conseguia entender o tempo da bola, pulava demais, como pulava. Pulava para cima e por cima dele, por baixo de suas pernas, sempre para o lado não desejado. Não é preciso dizer que não tocava na bola, era evitado sistematicamente. Na rua, gostava de jogar na parte de baixo por conseguir dominar melhor a bola. O seu forte - todos tinham um forte; o Cascão driblava muito bem em velocidade, o Binhô tinha uma ótima visão de jogo sempre deixando um e outro de frente ao gol, o Rodrigo se mostrava um ótimo goleiro - o seu forte era o chute de longe, quando nunca se acerta um passe a única opção é o chamado bicão. Mas uma vez acertou. Dominou do meio da rua, matou a bola que vinha em sua direção no peito e mandou uma de primeira sem ela tocar no chão, rápido e preciso. Como foi bonito aquele gol, o chamado golaço! Seu Zé, já falecido, viu e aprovou. Mas, depois de muita discussão ficou acertado que foi por cima. Hoje conseguiria problematizar melhor. Hoje faria apenas uma simples pergunta: "Por cima do que?" A trave pela qual a bola teria passado por cima nunca existiu senão em imaginação. Mas naquela época ela estava lá e ele não duvidava, porque duvidar era quebrar o encanto, era adiantar-se ao tempo, adiantar-se anos e perder a magia. A trave estava lá, poderia duvidar e contrariar todos, ser até imperativo ao dizer "foi gol... foi gol", poderia, mas questionar a presença de tal trave não, de maneira alguma, estaria sendo por demais realista, quebrando o sonho, a diversão, argumentar contra seria adiantar-se em angustias. É provável que aquela bola tenha ido realmente por cima, por cima da trave imaginária, por cima das casas, por cima dos quarteirões, por cima dos bairros, por cima de todos e se perdeu longe, muito longe e hoje ele só a encontre em memória.

Dominou a bola em velocidade e de repente quando já ia se aproximando do gol ouviu a única palavra, alto e em bom som, que poderia impedi-lo, em um coro conjunto do time adversário "PAROU!!!!TEM GENTE PASSANDO!!!!!Dois passos para trás e esperar. Ora vinha um carro, outrora passantes, sempre paravam, não importava a idade nem o sexo. Se por acaso alguém continuava era reprovado vigorosamente aos gritos "se fosse a tua mãe você parava" ou " sua mãe não te deu educação cabeção". A bola. Uma senhora subindo a rua. A frase era solta, olhavam. Algumas senhoras do bairro com idades avançadas andando vagarosamente, num outro tempo, lento, num tempo introspectivo, cansado e calejado e eles... eles ardendo em energia , energia bruta, sem direção qual mangueira solta a dar chicotadas de água no ar, na ilusão dos primeiros tempos, na ansiedade, na felicidade dos primeiros anos. Nos primeiros beijos, nos primeiros amores. Na alegria , na mãe-da-mula, no esconde-esconde, no beijo-na-boca, abraço e aperto de mão. No pula-pula, Salta. Pula. Salta. Pula. Salta. Pula. Salta. Pula. Passa o anel. Corre garoto. Pega, pega, pega. Cada macaco no seu galho. Corre garoto, corre. Toda a vida, não tem? Corre garoto. Namoradinha? Já tem? Corre garoto, corre garoto, voa.... toda a vida não tem!!?? Corre garoto. Corre! !Paravam... por educação, não por compreensão. Alguns resmungavam entre os dentes só para eles mesmos ouvirem, o Xande principalmente: "Vou até sentar, essa ai não passa hoje." Não poderia ser diferente, era o jogo e este estava no ardor, na decisão. Por vezes, nessas paradas, vinha o caminhão de lixo. Ficavam todos bastante preocupados quando o caminhão de lixo passava durante uma partida porque de vez em quando deixava atrás de si um líquido viscoso e mal cheiroso, outrora dejetos deixados para trás sendo obstáculos a mais para o desenvolvimento do jogo.

Uma partida de rua se apresentava muito mais complexa e difícil do que no campo, existiam adversidades, como as guias. Era uma decisão apriori, se se jogava em cima das calçadas ou o limite eram as guias, os carros estacionados, quantas laterais amassadas... O jogo estava suspenso, as senhoras passando pausadamente levando todo o tempo necessário. O Xande bem atrás sentado no chão. Ele próximo do gol sem camisa, praticamente sozinho frente a frente ao goleiro. O sol rasgando, em suas têmporas, suores. Nesse ínterim levantou os olhos e percebeu que uma vizinha nova no bairro o contemplava do segundo andar de uma casa próxima; alta de cabelos pretos encaracolados próximo aos ombros, olhos negros 24 ou 25 anos. Ele, quatorze , quinze, nenhuma experiência sexual, tímido extremado. Beijo? Uma vez, uma única vez. Muito antes, num tempo remoto ao dançar, como se dançava na época, dois para esquerda , dois à direita, primeiro beijo, tanto tempo................Ela, alta de cabelos pretos encaracolados debruçada na grade da sacada, casada, com dois filhos, ficou sabendo mais tarde, o observava. As senhoras passaram, o jogo recomeça! Conta-se três e em alto som: "valendo", o goleiro saiu numa rapidez incrível em cima dele e ele chutou forte bem no canto, muito no canto, exageradamente no canto, um erro e na mesma hora percebeu que mais uma vez seu dedão contra o asfalto melou. Não recordou quem foi vitorioso em tal partida, mas não havia como esquecer o problema que consistia em calçar o tênis e ir à escola a manhã seguinte, matina de névoa densa e odor peculiar.

Estava sentado ao lado dela na calçada acompanhado de mais uns quatro rapazes, esses mais velhos. Não conversava, só escutava. Não tinha capacidade diante de uma mulher de articular palavras e frases, estava sentado próximo dela. Os mais velhos falavam sem pausa. Quando um homem se encontra diante de uma mulher parece ter uma necessidade descomunal em falar e falar e falar e falar... e eles continuavam falando... e falando e falando... em um constante monólogo e ele só utilizando monossílabos, só escutava. Os outros se inclinavam, mostravam-se em gestos e palavras e ela voltada para ele, a atenção dela voltada somente para ele. Não conseguiria dizer como foi parar dentro daquela garagem sendo pressionado contra a parede num beijo único onde sua mão foi segurada e colocada sob sua cintura. Fez esforço, mas só pode imaginar qual teria sido sua reação, provável que tenha estado estático, imóvel durante todo o momento.

Outra noite quente, outra partida na rua; e naquela noite foi goleiro e o seu time estava forte. Na linha o Xandê, Cascão, Caio e Caveira. Quatro na linha e um no gol, uma composição quase imbatível. Ficava sentado, no maior tédio, a bola nem perto chegava. Começou o batuque, uma casa alta com um portão chapado de ferro que nada deixava observar por dentro. Quando começavam os trabalhos e eles estavam em jogo se configurava um grande problema. Por cima deste grande portão - como oferendas a santos e divindades que só reconheciam no dia de São Cosme Damião - voavam ovos diversos para a rua e espatifavam-se pelo chão junto a uma grande quantidade de farinha amarelada como se temperada a óleo de dendê para as entidades, paravam, olhavam a situação e tinham de optar entre encerrar a partida ou continuar driblando ovos e farinhas, pois pisar nessas oferendas não cogitavam possibilidade. Na grande parte das vezes continuavam correndo atrás da bola driblando ovos quebrados e pulando porções de farinhas pelo chão. O mistério que rondava aquela casa se apresentava forte para eles e as histórias mais absurdas pululavam em suas imaginações. Por vezes os jogos eram interrompidos e tinham de esperar um pequeno caminhão após estacionar em frente a tal casa, do seu interior despejavam cabras e galinhas por aquele portão adentro e por lá ficavam, as cabras e galinhas. Na rua, expectativas, fantasias sobre o que lá dentro se passava . Lembrou-se também de um cachorro, aquilo era excessivo para ser um cachorro, era grande... muito grande... grande de olhos caídos e vermelhos e lerdo e sabiam que por trás daquele portão repousava aquela fera. Aos seus olhos tudo se mostrava como fantástico e um tanto macabro. Não pisavam nos ovos, de maneira alguma, pulavam , driblavam, paravam , mas não pisavam. O pior que poderia acontecer era em um chute muito equivocado alguém acertar um vaso que ficava em cima e no centro do muro, um vaso de barro que se mostrava uma incógnita, um vaso de barro colocado tão alto e onipotente que se tornou sagrado, amaldiçoado, mas acima de tudo intocável e naquele dia em que ele estava no gol o Caio acertou em cheio, no jeito. Tudo se deu como em câmera lenta e foi caindo... e caindo... espatifou-se no chão. Numa manhã gostosa de domingo - os domingos se mostravam naqueles dias não melancólicos, se apresentavam diferentes, calmos e serenos - após comprarem pães, retornaram divertidos e ao retornar passaram pelo campinho, ele e o Caio, e ao atravessar a pequena ponte bamba de madeira sobreposta sobre o riozinho - era rio só em suas palavras , pois não passava de um grande esgoto - o saco de pães rasgou nas mãos do Caio e todos os pães caíram rolando para dentro do rio, todos menos um que recuperou, embrulhou e no seu rosto já se fazia choro e foi com esse mesmo rosto que contemplou espalhado pelo chão cacos e cacos naquela noite em que quebrou o vaso.................................................................................... Todos pararam e ficaram como que boquiabertos; em suas cabeças, em suas fantasias sabiam que quem derrubasse o vaso estava condenado a uma grande maldição e o pior seria ter de pedir a bola de volta. Ele não pediu a bola e ninguém mais, assim acabou o jogo naquela noite, isso já era tarde, muito tarde, mas naquelas noites de calor não era dada tanta atenção à hora.

Um outro jogo começou e ele não pode estar porque desta vez estava em casa, porque desta vez havia uma lição para fazer, talvez matemática, talvez português, biologia, história, geografia... mas era tão difícil, tão difícil; e o difícil não era o estudar, mas sim a concentração, não era o jogo lá na rua que desconcentrava, eram as pipas no ar e ele continuava, contava e recontava... as pipas não os números, as pipas........ Tardes e mais tardes passaram sem pipas e sem jogos, ao seu lado sua irmã, tardes passaram e eles lá naquela mesa longa e oval, ela debruçada sobre os cadernos não conseguindo segurar direito o lápis de tão pequenas suas mãos, tão pequenas e ele perdido no céu, para as pipas.

Noutro dia foi solicitado e ao sair à rua disseram-lhe para estar arrumado pois teria um encontro, se arrumou. Se arrumar consistia em tirar os pés do chão e estar calçado com um chinelo qualquer, se banhar em perfumes e se banhou. Foi levado a uma casa, um sobrado que na parte debaixo, dois cômodos e um banheiro. Para surpresa dele ao entrar naquele recinto estavam todos lá e mais outros e outros e vários espalhados pela sala , virou o centro das atenções e foi informado, para sua surpresa novamente, que ela estava no banheiro a sua espera e que após dele todos estariam com ela também e então todos estariam assim com sorrisos nos rostos. E o empurraram para dentro do banheiro e lá dentro não havia luz e ela estava lá e ele não sabia o que fazer, o que falar e falou que estava escuro e foi preciso providenciar luz, nesse ínterim ele sumi, todos souberam e a história espalhou-se assim como um grande pote com bolas de gude ao cair no chão e todos ouviram e todos souberam e ele passou anos assim sem entender direito o que ocorreu, mas talvez nada disso tenha acontecido e ele estava apenas escorregando sobre suas próprias reminiscências absorvido por aquele silêncio que o acometeu de tal forma que o levou para dentro dele mesmo numa velocidade absurda qual uma flecha e parou num sofá dentro dele mesmo, no que há de mais intimo, no que há de mais introspectivo e no que há de mais irredutível e lá ficou - e aquele sofá não se mostrou confortável e nem sólido - e foi deslizando e deslizando e se afundando como em lama e para trás deixou a máscara , sua persona e lá dentro, bem ao fundo, talvez, ao afundar cada vez mais e mais nele mesmo tenha encontrado o Ser, talvez o absoluto, talvez a loucura e lá ficou e ali ficou parado, abstraído, distante, o sinal abriu e fechou e abriu e fechou e por lá ficou a lembrar que hoje ao retornar àquela rua comprida e comprimida ainda vê, já apagada, desgastada, a grande área pintada em tinta verde que já não aparenta tão grande assim, bem pequena de fato, pequena e carregada de nostalgia de um tempo que só existe em memória. E lá parado na iminência de atravessar a rua entre altos prédios e ritmo frenético ficou assim sem mais, afundando-se naquele sofá desconfortável vendo um garoto correr e correr e correr e correr . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . correr . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . correr . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . correr . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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