Num desses sábados que você está saindo de folga e depara
com um fim de tarde com cara de poucos amigos, parece que seu mundo caiu, a
semana acabou e você quase, mas só quase, preferiria voltar ao
trabalho e deixar o tempo lá fora. Por sorte ou loucura eu gosto de chuva,
gosto de relâmpagos e, claro, adoro trovoadas, daquelas que estremecem
a vidraça. Mas não desejo a mim e nem a ninguém que nos
venha desgraça.
Já em casa as primeiras gotas de chuva batem com força sobre
o telhado e depois chega um peculiar cheiro de terra molhada. O calor aumenta.
Já posso ouvir o dragão rugir em alguma parte do céu. As
vidraças ainda não estremecem e sento na varanda aguardando, como
quem paga ingresso e deseja o espetáculo na hora marcada. Um vento ainda
tímido ronda pelas árvores e elas parecem bailar, felizes depois
de um dia de calor,
Quando a chuva de verdade aumenta, o dragão lança as suas primeiras
linguetas de fogo, deixando um belíssimo clarão e o seu rugir,
logo depois deixa em mim a grandeza por estar aqui podendo apreciar a amplidão
da natureza e ao mesmo tempo saber o quanto somos pequeninos frente a uma energia
tão poderosa. Parece esfriar repentinamente e creio que uma taça
de vinho poderia muito bem me fazer companhia.
Se minha mãe estivesse por aqui, certamente me daria ainda, umas boas
palmadas (merecidas!), não por estar sem camisa, com trovoada, ou pelo
vinho mas por desrespeitar a força da natureza. Diria até que
Deus poderia me castigar. Bem, não foi dessa vez pois pude me maravilhar
com tudo e meditar um pouco sobre tanta energia que nos apavora desde os primórdios.
Ainda vamos aprender lidar com isso...
O Brasil é campeão em quedas de raio. Porém nos "maravilhosos"
EUA morre mais gente que aqui atingidas por raio. Tem gente lá em cima
que deve não gostar desses caras, ou está errando a pontaria.
O poder de um raio é realmente espantoso, pois já vi o "espetáculo"
que ele pode fazer, mas às vezes as consequências podem ser
realmente bastante desagradáveis. Não queira estar por perto.
O dragão é mesmo feroz.
Ao trovejar, as pessoas de antão (hum!) não costuravam, não
penteavam o cabelo, cortavam unhas, faziam barba e nem (pasmem!) falavam alto.
Cobriam todos os espelhos da casa com toalhas. Eu não ficaria na água
do mar e nem debaixo de uma árvore. Mas como as árvores ficam
lindas quando pipocam alguns megatons de energia...Parece que aos meus olhos
elas não se importam com o risco e como eu ficam brincando na chuva.
Quando o homem, (e que homem!) descobrir como controlar e armazenar energia
dos raios, não iremos precisar de fissão (ou fusão) nuclear,
petróleo... O impossível apenas mora distante mas não é
inatingível A chance de um raio atingir uma pessoa é de 01 em
01 milhão, como eu não sei a minha posição na fila,
apago o cigarro, largo a taça de vinho e visto a camisa. Entro! A força
da natureza pode ser sábia. Como disse Einstein: "Deus não
joga dados".