Emergindo para outra dimensão. Ele está se alimentando da minha
carne e nada mais pode ser feito. Único ato é levantar e dizer:
- O que está acontecendo psicólogo?
Não se mantinha mais na sua cadeira, e sim, um líquido amarelado
que está ocupando o seu doce lugar.
Virou mingau!
Caminhando aflito em direção à porta, passa a abrir e deixa
alguém sair:
- Obrigado Doutor, disse este alguém.
- Não foi nada, retrucou o Doutor.
Entrando nesse quarto, todo branco, com uma mesa com vários papéis,
lá está ele sentado na cadeira, dizendo:
- Marcos, pode entrar.
Entra o rapaz. Não possui braços nem pernas e ao aumentar o seu
campo de visão em cima do Doutor Carlos fala:
- Estou derretendo Doutor; Ajude-me, estou derretendo. Já perdi os braços
e as pernas.
Uma ilha se torna a região a pisar pelo seu consciente e um ato de Munch
observa todo aquele mundo de águas trazendo imagens como está.
"Homem derretendo".
Desesperado fica, e vendo, olhando, e curtindo aquela imagem tenta disjungir
por completo e passa a pegar o seu material médico e ir embora. Caminhando
e simplesmente fazendo o tal movimento, sente um certo amolecimento do chão
e nada coibi essas imagens divertidas que são trazidas pela água
(inconsciente). A ilha passa a diminuir consideravelmente pelas águas,
e a lucidez dá lugar ao novo senhor chamado inlucidez. Correndo e com
a alma em buracos tendo somente um senhor a tampá-los cujo nome é
inlucidez, vai com medo e, aflito, covarde ele esta, tendo sua ilha cada vez
mais pequena e observa um reduto que ele logo diz :
- Minha casa!
Penetrando na casa liga todas as luzes e vai direcionado na sala à pintar.
Ele tinha um quadro pintado com desenhos surrealistas, sendo assim, jorra canaliza
tudo aquilo que ele esta sentindo; dá pinceladas de qualquer jeito. A
ira, foram totalmente abertos os seus portões, e a tinta dão amostra
de como tudo isso estava dentro. Dentro sim; como se estivesse no tubo de ensaio,
pois ele permanece suando e fazendo expressionismo abstrato.
Jogando tinta em cima daquele quadro tipo Dali cria uma nova revolta, e passando
a mão no rosto relata uma cor amarelada. Sua ilha está acabando,
tanto que é verdade, que vai correndo no banheiro e ver o que é
aquilo.
- Estou em fusão. Estou derretendo. Isso não!
Já existe mais ilha, as águas com as suas imagens são o
senhor de tudo que se passa e aborda.
- Não vou suportar isso.
Pegou todos os remédios que existiam pela casa e num gole quase único
colocou todos goela abaixo. Depois disso, para completar a cena, um desmaio.
- Quem é? Diz Carlos.
- Você não sabe? Falou o oculto.
Carlos não sabe onde está e só visualiza um rosto sem o
nariz com uma cabeça de porco dentro do seu crânio.Sendo assim
esta disformidade fala:
- Você não sabe? Você não sabe?
- Quem é você? Diz quem é você? Diz Carlos.
- Sentença rapaz.
Carlos levanta não sabe de qual lugar e vai gritando.
- Quem é você? Quem é você?
" Nossa !Que pesadelo''. Diz Carlos se levantando da sua cama com aparência
mórbida. Como se ele estivesse dentro de tal algo e ao romper percebe
que estava dentro de tal algo e ao romper percebe que estava dentro de um ovo.
E assim que o seu pensar reflete. O real sem explicação; não
existindo consoantes e vogais à escrever esta cena e simplesmente deixa
à loucura do artista a penetrar. Loucura essa que o primeiro ato foi
olhar e verificar no espelho o seu rosto cabal, mas sentia fortes dores no estômago.
Sem nenhum sinal de derretimento e nesse relance cognitivo passa a falar de
si para si mesmo.
- É um pesadelo! Foi isso, um pesadelo!
Caminhando em direção a sala acontece um fato super fantástico.
A sua pintura surrealista havia transformado em expressionismo abstrato.
Como se ele fosse ator de um filme fantástico e tudo acontece sem explicações
exatas.
Indo tomar banho percebe algo estrondoso.
- Não! Não pode ser! Todo constrangido por ter invasores na sua
pele.
Manchas! Manchas por todo lado. Nem tomou banho, pois colocou as roupas e foi
com urgência procurar um médico mais próximo. Nos seus pensamentos
passavam as enfermidades como: Sífilis, Hanseníase e etc...Todo
estado de esquizóide permeia o seu eu e aluga em definitivo todas as
camadas da consciência.
- Doutor estou com manchas pelo corpo! Diz Carlos.
- Deixe-me ver essa manchas, diz o médico com curiosidade ao reverso.
O médico olhou, fixou, fez exames bobos e depois como se ele fosse ator
desse filme passa a falar:
- Micoses, simplesmente micoses.
Não esquecendo o roteiro, Carlos diz:
- Estou com muita dor no estômago e queria...
- Está bem. Você ingeriu alguma comida?
- Não que achasse que fizesse mal, pois são alimentos que estou
acostumado.
- Vou receitar um remédio que é tiro e queda.
O diretor do filme manda:
"Carlos, volta para sua casa pega o material da escola e vai trabalhar".
Chegando a escola para dar suas aulas observa aquela rotina: adolescentes mal
educados, professores nervosos o tanto de fundir a suas repartições
de consciência e inconsciência. Na sala dos professores, alguns
companheiros de trabalho jorram sua revolta:
"Aquele aluno; você viu? Não faz nada".
Se faz barulho, é o horário de Carlos entrar na sala e a bagunça
de sempre..., mas, acontece um fato estranho quando Carlos se aproxima da classe.
Todos estão sentados e nenhum se levanta para nada, isto é, fazer
um nada um nada e foi assim que o filme procede:
- Boa tarde. Outro fato reverso; já que nunca ou quase nunca discursava
boa tarde.
Seu diretor está com a alma aluzada do Salvador Dali e todas as situações
são não-lineares aonde o resultante é o Carlos passar lição
na lousa e todos copiar.
- Professor virá para trás. Disse um aluno.
Sem dar mínima, continua a passar lição na lousa.
- Professor; já falei! Vira professor! Somente esta voz a escutar na
classe, e já com raiva alcançada no limite vira as costas e o
que vê? Um menino todo manchado. Todo ele manchado.Todos eles manchados.
A classe está com manchas e o professor também.
Tudo passa dentro de um diamante e sufocado por outras pessoas que convivem
com ele (alunos). Não conseguindo sair deste filme para ter a sua própria
e original vida dispersa da sala com urgência.
Um ato que já diz; foi um ato e lá está ele preso.
A sua prisão e o diamante e as situações que ocorreram
são cenas de um filme que mal sabe quem o dirige.
Saindo literalmente da escola e só querendo encontrar sua casa, pois
o medo consumado pela vergonha das manchas que se multiplicam faz com que uma
só palavra ameniza-se aquela conturbação "micoses''.
A raiva foi transferida do diretor ao filme, pois ao andar as paredes, as pessoas,
o carro e tudo o que pode chamar de etc já está possuído
pelas manchas. Andando e andando vai vendo rostos de pessoas, cachorros pela
rua e tudo fazendo uma dramaturgia típica do absurdo, sendo ele uma figura
dramática a ser preso no diamante todo manchado.
- Estava na hora! Diz Carlos afoito por ter chegado na sua casa que também
possuía manchas.
Entrando e sabendo que faz parte de um filme sem roteiro; liga as luzes da sala
e começa a quebrar o quadro.
- Que merda! Que droga! Diz Carlos. Todo seu volume aumentado e toda sai graduação
de raiva no máximo.
Ele lá está sentado com o quadro todo rasgado no seu colo com
o estômago roendo de dor e as mãos, pernas, rosto, todo corpo com
cortes, pois foi tudo sincrônico.
O filme está no fim e um líquido perfura o diamante e passa a
enxergar uma luz. Esta luz acompanhava uma pessoa que ao chegar cada vez mais
próximo do Carlos vai dizendo:
- Sentença, sua sentença! Disse o ser .
- Quem é você? Quem é você? Falou Carlos com o nome
que podia ser chamado de angústia vai se levantando aos poucos e até
ficar com olhos paralelos em direção daquele personagem que havia
penetrado no diamante.
- Sentença! Sentença!
Carlos dilata o máximo as suas pálpebras e assim, num ato de reflexo
fala:
- Você não tem nariz e possui dentro do seu crânio uma cabeça
de porco.
- Eu sou feio. Diz a pessoa e depois complementou:
- Não tenho nada disso, você esta delirando. Quer ver a sua sentença.
- Eu pensava que tinha cabeça de porco e não tinha nariz, mas
às vezes são iguais, como pode?
- Você não enxerga; o filme já acabou, sou eu, seu amigo,
vem ver sua sentença. Diz a pessoa mudando de tom.
- Como vou poder confiar nas suas palavras?
- Eu penetrei! Não penetrei? Então...
- Está bem; vamos.
Ao sair para fora da casa ele se fragmentou em pedaços; um verdadeiro
e absoluto diamante em cacos pelo que foi visto e argumentado.
"Pessoas andando em círculos, muros em toda volta, todos com o mesmo
psique, isto é, degustando a loucura nas suas cabeças, sendo assim,
aonde estou?"
- Esta é sua sentença.