A Garganta da Serpente
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Sublimação

(Fábio Eleotério Souza Silva)

Emergindo para outra dimensão. Ele está se alimentando da minha carne e nada mais pode ser feito. Único ato é levantar e dizer:

- O que está acontecendo psicólogo?

Não se mantinha mais na sua cadeira, e sim, um líquido amarelado que está ocupando o seu doce lugar.

Virou mingau!

Caminhando aflito em direção à porta, passa a abrir e deixa alguém sair:

- Obrigado Doutor, disse este alguém.

- Não foi nada, retrucou o Doutor.

Entrando nesse quarto, todo branco, com uma mesa com vários papéis, lá está ele sentado na cadeira, dizendo:

- Marcos, pode entrar.

Entra o rapaz. Não possui braços nem pernas e ao aumentar o seu campo de visão em cima do Doutor Carlos fala:

- Estou derretendo Doutor; Ajude-me, estou derretendo. Já perdi os braços e as pernas.

Uma ilha se torna a região a pisar pelo seu consciente e um ato de Munch observa todo aquele mundo de águas trazendo imagens como está.

"Homem derretendo".

Desesperado fica, e vendo, olhando, e curtindo aquela imagem tenta disjungir por completo e passa a pegar o seu material médico e ir embora. Caminhando e simplesmente fazendo o tal movimento, sente um certo amolecimento do chão e nada coibi essas imagens divertidas que são trazidas pela água (inconsciente). A ilha passa a diminuir consideravelmente pelas águas, e a lucidez dá lugar ao novo senhor chamado inlucidez. Correndo e com a alma em buracos tendo somente um senhor a tampá-los cujo nome é inlucidez, vai com medo e, aflito, covarde ele esta, tendo sua ilha cada vez mais pequena e observa um reduto que ele logo diz :

- Minha casa!

Penetrando na casa liga todas as luzes e vai direcionado na sala à pintar. Ele tinha um quadro pintado com desenhos surrealistas, sendo assim, jorra canaliza tudo aquilo que ele esta sentindo; dá pinceladas de qualquer jeito. A ira, foram totalmente abertos os seus portões, e a tinta dão amostra de como tudo isso estava dentro. Dentro sim; como se estivesse no tubo de ensaio, pois ele permanece suando e fazendo expressionismo abstrato.

Jogando tinta em cima daquele quadro tipo Dali cria uma nova revolta, e passando a mão no rosto relata uma cor amarelada. Sua ilha está acabando, tanto que é verdade, que vai correndo no banheiro e ver o que é aquilo.

- Estou em fusão. Estou derretendo. Isso não!

Já existe mais ilha, as águas com as suas imagens são o senhor de tudo que se passa e aborda.

- Não vou suportar isso.

Pegou todos os remédios que existiam pela casa e num gole quase único colocou todos goela abaixo. Depois disso, para completar a cena, um desmaio.

- Quem é? Diz Carlos.

- Você não sabe? Falou o oculto.

Carlos não sabe onde está e só visualiza um rosto sem o nariz com uma cabeça de porco dentro do seu crânio.Sendo assim esta disformidade fala:

- Você não sabe? Você não sabe?

- Quem é você? Diz quem é você? Diz Carlos.

- Sentença rapaz.

Carlos levanta não sabe de qual lugar e vai gritando.

- Quem é você? Quem é você?

" Nossa !Que pesadelo''. Diz Carlos se levantando da sua cama com aparência mórbida. Como se ele estivesse dentro de tal algo e ao romper percebe que estava dentro de tal algo e ao romper percebe que estava dentro de um ovo. E assim que o seu pensar reflete. O real sem explicação; não existindo consoantes e vogais à escrever esta cena e simplesmente deixa à loucura do artista a penetrar. Loucura essa que o primeiro ato foi olhar e verificar no espelho o seu rosto cabal, mas sentia fortes dores no estômago. Sem nenhum sinal de derretimento e nesse relance cognitivo passa a falar de si para si mesmo.

- É um pesadelo! Foi isso, um pesadelo!

Caminhando em direção a sala acontece um fato super fantástico. A sua pintura surrealista havia transformado em expressionismo abstrato.

Como se ele fosse ator de um filme fantástico e tudo acontece sem explicações exatas.

Indo tomar banho percebe algo estrondoso.

- Não! Não pode ser! Todo constrangido por ter invasores na sua pele.

Manchas! Manchas por todo lado. Nem tomou banho, pois colocou as roupas e foi com urgência procurar um médico mais próximo. Nos seus pensamentos passavam as enfermidades como: Sífilis, Hanseníase e etc...Todo estado de esquizóide permeia o seu eu e aluga em definitivo todas as camadas da consciência.

- Doutor estou com manchas pelo corpo! Diz Carlos.

- Deixe-me ver essa manchas, diz o médico com curiosidade ao reverso.

O médico olhou, fixou, fez exames bobos e depois como se ele fosse ator desse filme passa a falar:

- Micoses, simplesmente micoses.

Não esquecendo o roteiro, Carlos diz:

- Estou com muita dor no estômago e queria...

- Está bem. Você ingeriu alguma comida?

- Não que achasse que fizesse mal, pois são alimentos que estou acostumado.

- Vou receitar um remédio que é tiro e queda.

O diretor do filme manda:

"Carlos, volta para sua casa pega o material da escola e vai trabalhar".

Chegando a escola para dar suas aulas observa aquela rotina: adolescentes mal educados, professores nervosos o tanto de fundir a suas repartições de consciência e inconsciência. Na sala dos professores, alguns companheiros de trabalho jorram sua revolta:

"Aquele aluno; você viu? Não faz nada".

Se faz barulho, é o horário de Carlos entrar na sala e a bagunça de sempre..., mas, acontece um fato estranho quando Carlos se aproxima da classe. Todos estão sentados e nenhum se levanta para nada, isto é, fazer um nada um nada e foi assim que o filme procede:

- Boa tarde. Outro fato reverso; já que nunca ou quase nunca discursava boa tarde.

Seu diretor está com a alma aluzada do Salvador Dali e todas as situações são não-lineares aonde o resultante é o Carlos passar lição na lousa e todos copiar.

- Professor virá para trás. Disse um aluno.

Sem dar mínima, continua a passar lição na lousa.

- Professor; já falei! Vira professor! Somente esta voz a escutar na classe, e já com raiva alcançada no limite vira as costas e o que vê? Um menino todo manchado. Todo ele manchado.Todos eles manchados.

A classe está com manchas e o professor também.

Tudo passa dentro de um diamante e sufocado por outras pessoas que convivem com ele (alunos). Não conseguindo sair deste filme para ter a sua própria e original vida dispersa da sala com urgência.

Um ato que já diz; foi um ato e lá está ele preso.

A sua prisão e o diamante e as situações que ocorreram são cenas de um filme que mal sabe quem o dirige.

Saindo literalmente da escola e só querendo encontrar sua casa, pois o medo consumado pela vergonha das manchas que se multiplicam faz com que uma só palavra ameniza-se aquela conturbação "micoses''.

A raiva foi transferida do diretor ao filme, pois ao andar as paredes, as pessoas, o carro e tudo o que pode chamar de etc já está possuído pelas manchas. Andando e andando vai vendo rostos de pessoas, cachorros pela rua e tudo fazendo uma dramaturgia típica do absurdo, sendo ele uma figura dramática a ser preso no diamante todo manchado.

- Estava na hora! Diz Carlos afoito por ter chegado na sua casa que também possuía manchas.

Entrando e sabendo que faz parte de um filme sem roteiro; liga as luzes da sala e começa a quebrar o quadro.

- Que merda! Que droga! Diz Carlos. Todo seu volume aumentado e toda sai graduação de raiva no máximo.

Ele lá está sentado com o quadro todo rasgado no seu colo com o estômago roendo de dor e as mãos, pernas, rosto, todo corpo com cortes, pois foi tudo sincrônico.

O filme está no fim e um líquido perfura o diamante e passa a enxergar uma luz. Esta luz acompanhava uma pessoa que ao chegar cada vez mais próximo do Carlos vai dizendo:

- Sentença, sua sentença! Disse o ser .

- Quem é você? Quem é você? Falou Carlos com o nome que podia ser chamado de angústia vai se levantando aos poucos e até ficar com olhos paralelos em direção daquele personagem que havia penetrado no diamante.

- Sentença! Sentença!

Carlos dilata o máximo as suas pálpebras e assim, num ato de reflexo fala:

- Você não tem nariz e possui dentro do seu crânio uma cabeça de porco.

- Eu sou feio. Diz a pessoa e depois complementou:

- Não tenho nada disso, você esta delirando. Quer ver a sua sentença.

- Eu pensava que tinha cabeça de porco e não tinha nariz, mas às vezes são iguais, como pode?

- Você não enxerga; o filme já acabou, sou eu, seu amigo, vem ver sua sentença. Diz a pessoa mudando de tom.

- Como vou poder confiar nas suas palavras?

- Eu penetrei! Não penetrei? Então...

- Está bem; vamos.

Ao sair para fora da casa ele se fragmentou em pedaços; um verdadeiro e absoluto diamante em cacos pelo que foi visto e argumentado.

"Pessoas andando em círculos, muros em toda volta, todos com o mesmo psique, isto é, degustando a loucura nas suas cabeças, sendo assim, aonde estou?"

- Esta é sua sentença.

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