A Garganta da Serpente
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Viagem sem ti

(Elisabete Antunes)

Estou a dormir neste monte de salgueiros bravos, gotas de orvalho povoam o meu sangue. Nevoeiro matinal branco frio desperta-me. Abro os olhos, o cheiro intenso dos pinheiros verdes invade-me de alegria, está frio, a aurora ergue-se rasgando a escuridão com uma trama de raios sublime, a hora mais bela do dia.

O sol vai alto, o frio longe, o calor é intenso e húmido, sufoco, a dificuldade em respirar atira-me de encontro à terra, estou parada, deitada, inerte, o sol vai alto e o ar é demasiado quente para continuar.

O olhar atento, extremamente vivo de uma coruja fixa a minha atenção, a lua está cheia, bola esfera perfeita ilumina a noite romântica com que fecho os olhos. VEJO-TE, brilho intenso, não te quero largar mais. O sol quente bate-me nos olhos, deixei-me dormir, carrego-te em mim como um raio de esperança, mesmo sabendo que jamais irei ouvir o teu sorriso, sentir o teu abraço, ouvir a tua voz enquanto estiver aqui.

Encerro-me debaixo de uma árvore alta, mais alta que a vida como gostavas de definir a minha imaginação. A sombra destas folhas protege-me contra o sol mortiço, mais uma vez vens ter comigo e é como se nunca tivesses partido. A tua respiração cessou, já não vive aqui, saber isso é insuportável, a minha vontade é cessar também, mas por uma razão qualquer, não posso.

Finalmente as montanhas, saí deste matagal de folhas verdes encarnado, madeira viva, e vou de encontro à estrada da civilização.

A neve nos picos alegra o meu olhar, começam a romper do céu pequenas gotas de chuva, as nuvens carregadas de cinzento ameaçam tempestade.

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