A Garganta da Serpente
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Inverno Típico em Campos Solitários

(Eliane Rubim)

A sombra cinza me desperta de sonhos confusos. Tiro as cobertas de cima do meu corpo, e procuro minhas roupas. Faz frio, mas suportável, ainda permanecendo de camiseta e calcinha.

No banheiro, enquanto mijo, pergunto-me as horas, mas isso já não tem muita importância, a solidão não marca tempo, ela simplesmente é longa.

O cheiro do mijo e do gozo da masturbação me enjoam, e ao mesmo tempo me excitam. Fito meus olhos no espelho, como uma máquina, e sem nenhuma metafísica, escovo meus dentes. Lavo meu rosto o qual enxugo em uma toalha úmida e fedida.

Volto ao quarto que ainda está bagunçado e impregnado da sombra cinza.

Finalmente olho para o relógio - oito e meia, estou sentindo frio.

Do mesmo modo resolvo sentar e escrever, ou melhor, relatar essa manhã cinza e chuvosa.

A música ainda toca, aquela música que muitas vezes me fez chorar, assim fico a olhar a luz pálida banhando minhas pernas e minhas mãos.

Tenho perspectivas de que será um lindo e agradável dia.

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