A sombra cinza me desperta de sonhos confusos. Tiro as cobertas de cima do
meu corpo, e procuro minhas roupas. Faz frio, mas suportável, ainda permanecendo
de camiseta e calcinha.
No banheiro, enquanto mijo, pergunto-me as horas, mas isso já não
tem muita importância, a solidão não marca tempo, ela simplesmente
é longa.
O cheiro do mijo e do gozo da masturbação me enjoam, e ao mesmo
tempo me excitam. Fito meus olhos no espelho, como uma máquina, e sem
nenhuma metafísica, escovo meus dentes. Lavo meu rosto o qual enxugo
em uma toalha úmida e fedida.
Volto ao quarto que ainda está bagunçado e impregnado da sombra
cinza.
Finalmente olho para o relógio - oito e meia, estou sentindo frio.
Do mesmo modo resolvo sentar e escrever, ou melhor, relatar essa manhã
cinza e chuvosa.
A música ainda toca, aquela música que muitas vezes me fez chorar,
assim fico a olhar a luz pálida banhando minhas pernas e minhas mãos.
Tenho perspectivas de que será um lindo e agradável dia.