Ela tinha lido muitos livros de arte. Ele era fanático por literatura
e ela resolveu averiguar. "Querido, é incrível, mas a melhor
definição de minimalismo que encontrei foi aqui no seu livro do
Poe no conto Berenice". Já ele tinha encontrado nesse conto o sentido
da paixão, olhar um ponto e não divagar, olho preso no ponto até
amar, cansar, morrer, tantas possibilidades. Ele fantasiava. Quando ela fixava
sua atenção nele sabia que estava presa nos seus cravos e que
estes seriam sempre cravos, jamais ela fixaria num cravo e iria parar num buraco
negro. Ele partia das celulites dela para as escadas de Marte.
Ela adorava olhar para a janela. Esta estava fechada e ele ou ela não
tinha passado a trava. O vento, a janela abriu. Uma ventania forte. Portas batendo,
papéis voando. Ele correu tentando pegar alguma coisa no ar. Ela ficou
sentada de boca aberta vendo tudo voar.
A calmaria.
Ele riu e pensou no seu quarto na infância. Estava pronto para começar
a por as coisas no lugar. Ela continuava sentada, um olhar perverso, disse:
"A culpa é sua!" e deu um grito.