A Garganta da Serpente
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Jussara

(Dani Sigaud)

Acredita, fui ao banco? Fiquei lendo na fila o tijolo do Dostoiévski, "Os Irmãos Karamázovi". A Jussara grita da sala que houve mais um assassinato. Como vê não sou só eu que me impressiono com os ´crimes da classe média´. Menstruei. Será que mergulhou no mar? Original é gente que ama, larga amor velho carcomido encarniçado e se vê de repente louco por mel. Há quanto tempo não lavavam teu cabelo? O barbeiro não conta. A porta bateu. É o vento da tempestade de verão chegando. Normal bater punheta de saudades. Agora, inventar que está apaixonado é demais. Sair por aí repetindo isso. Como eu já disse: menstruei. Certo, não estou grávida. Tudo dentro do esperado, né? Você foi embora. Eu fiquei...

- Você é mau caráter.

- Eu?

- Por isso fica com um cara que nem eu.

Nem sei porque lembrei deste diálogo. Acho que você agiu feito louco quebrando nosso toxtex novo no chão. Gosta de mixto quente, não gosta? Adoraram a Jussara na despedida de solteira da Meca. "Sua amiga é uma gracinha", diziam. Eu dormi. A Meca foi abrir a calça do garotão contratado e tava nu, só de lacinho de fita pra ela tirar. Tem um tarado que liga aqui e fala que quer desenhar nossa aranha, minha e da Jussara. Fiz batatas ao molho rosê.

- Vem ver!

É a Jussara gritando da sala. Deve ser algo na tevê.

- Calma! Estou acabando o mail pro cara.

- Que cara?!

- Aquele que eu não conheço!

- Mas qual?

- Aquele que mandou foto estes dias!

- Uhm... (estranho, eu nunca vi). Vem ver!

- Já vou já vou!

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