Ele surtiu e perguntou pra ela enquanto ela gargalhava o que você vai
contar pra mim, coisas tristes e algum mau humor, ela disse. Até que
enfim você viu outro aqui e não vai guardar tudo e ter tremedeira,
boneca; ele disse e sorriu com a maior tranquilidade. Ela sempre esquece
de mentir se for de supetão e lá vem e diz não sei. Natural.
Que jeito que ele tinha com ela e ela começou a cavoucar com o pé
a areia da praia. Sinal de timidez, mas vai contar, não vai?
No meio de toda papelada descobrir o que posso ou não posso. Começar
pelo fim como os japoneses. Pela ponte. Novela entre moças ambiciosas.
Pérolas. Correr no bloquinho. Pirulito azul. Vento gelado de outono.
Desejar um cara abstrato. Dizem que o desejo é capaz de transformar.
Quem perdeu o paraíso? Gesto de silêncio. Rolando pela esteira
do aeroporto. Pára-quedas. Preciso de um termômetro e ele me oferece
o isqueiro. Sou o cinco e vou lá pro futebol. Troféu? Perfume
do meu número.
Isso é bobagem, ele disse. Ele era esperto e sacou que ela tinha grudado
um monte de fotografias e estava fazendo um filminho. Isso não é
contar falou de supetão deixando ela de olhos espantados. Ela começou
a cavoucar o pé na areia de novo. Ela estava sozinha com ele e não
adiantava procurar uma babá na areia. Ele ria por dentro. Era o outro
que tinha ciúmes de naquela idade ela querer ter babá. Ele não
tinha ciúmes de nada, não era do tipo corretor ou branquinho.
Achava ela um sarro, no fundo. Tenta de novo, ele disse.
BOTECO SÓRDIDO seria um ótimo título mesmo sendo um xingamento.
Tem dias que eu acordo e penso: só me falta um rabo.
Ela foi exata e ele ficou um pouco perplexo. Daí veio à safadeza:
Poxa, menina, vamos falar besteiras?! Ela notou a praia cheia. Ele rapidamente
sacou que ela ia ter hemorragia e gritou FAZ FILMINHO!
Decoração, pra mim não era o melhor filme do ano. Grande
ou pequena obra-prima? Árvore (entre molduras) na forma de pata de dinossauro.
Não tremer e a foto fica sem gagueira. Estar acordada. Exercitar habilidades.
Revolucionário ou moralista? De dois em dois meses perguntar "tá
bom assim?". Tão interrogativa que faz o pássaro soltar um
miado. Coloca o cinzeiro no canto que é de bom gosto. O branco do Sr.
Pipes privilegia o texto e me dá um enredo. Outrora privilegia os oprimidos
e me dá a propaganda. Privilegia o objeto e me deixa com vontade. Me
enternece feiticeira. Queda d´água em dia de trovão. Privilegia
a música e solta o tambor no ar. Corre os dedos no meu corpo que eu não
rio faz tempo. Sonha e não conta quem você é. Sou um homem
e me disseram pra acordar sozinho.
No fim: isso era bem melhor que rivalidades.