A Garganta da Serpente
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Clementina

(Danielle V.)

A floresta possui segredos fantásticos. A arte existe para desvendar estes segredos, a arte natural; o artista da natureza, a arte primitiva dependente da floresta, merecerá descobrir seus mistérios, ou parte deles.

Clementina era uma artista que vivia num lugarejo distante, morava numa casa que tinha como quintal uma maravilhosa floresta.

Todos os dias ela acordava cedo, tomava seu chá de hibisco, fazia seus exercícios matinais e assistia a uma fita sobre a vida das formigas, cada dia da semana assistia uma; baratas, pulgas, borboletas, vespas, gafanhotos e besouros, os insetos eram de grande inspiração para ela.

Clementina decidiu ir à floresta para pintar, seus materiais de pintura ficavam numa gruta perto de sua casa. Quando ela colocou os pés dentro da mata sentiu algo diferente, mas continuou caminhando.

A natureza era realmente a coisa mais bela e especial para Clementina, que estava impressionada, nunca fora tão agradável caminhar pela floresta. A vida brotava com muita beleza, os insetos pequeninos, as cachoeiras; a água descia com fervor sob as pedras, que pareciam terem sido colocadas ali, uma a uma, milimetricamente organizadas, os arbustos cobertos por gotas de orvalho, as árvores, cada dia mais altas, pareciam querer alcançar o céu.

Ela caminhou até a gruta onde ficavam seus materiais, pegou-os e quando estava preparando as tintas, olhou para frente e viu um unicórnio olhando para ela com olhos grandes e brilhantes, ela achou que estava delirando, passou com força suas mãos suadas nos olhos, olhando novamente aquele ser mágico. Ele estava no mesmo lugar, intacto. Era um animal robusto, elegante, com um chifre no alto da testa.

O unicórnio olhava fixamente para Clementina, que o admirava, não estava tão assustada, pois ele a olhava com uma doçura jamais vista por ela.

Então entendeu que precisava pintá-lo e, foi o que fez, terminou de preparar as tintas e começou a pintar, suas pinceladas eram precisas, simples e necessárias, movimentando-se delicadamente.

Ela estava tão excitada, suas bochechas estavam avermelhadas, seu coração batia forte, transpirava tanto, que o pincel escorregava de sua mão, tendo ela que o segurar com força. O animal ficava apenas olhando, parado. Era tão real e ao mesmo tempo tão mágico, lindo, seus pelos eram branquinhos como a neve e tinha um cheiro de alquimia, um animal incrível.

Quando ela terminou a pintura, ele se foi, devagar, até que desapareceu na neblina. Assim Clementina soube que tinha sido a escolhida da natureza, descobriu o mais belo segredo, a felicidade dominava a vida dela, conhecera um unicórnio e ele não era imaginário, era real.

A floresta era para Clementina fonte de inspiração e magia, os seres da floresta eram modelos para seus retratos. Seu quadro com o retrato do unicórnio continuou na floresta, mas a artista não, ela desapareceu, como todos os outros artistas que pintaram os seres da mata.

A natureza não é arte, os animais não são modelos, segredos não devem ser "pintados". Os unicórnios existem.

  • Publicado em: 20/04/2017
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