Mateus (21,12): Tendo Jesus entrado no templo, expulsou a todos os que
ali vendiam e compravam; também derrubou as mesas dos cambistas e as
cadeiras dos que vendiam pombas. 13) E disse-lhes: Está escrito: A minha
casa será chamada casa de oração; vós, porém,
a transformais em covil de salteadores.
Marcos (11,15): E foram para Jerusalém. Entrando ele no templo
passou a expulsar os que ali vendiam e compravam; derrubou as mesas dos cambistas
e as cadeiras dos que vendiam pombas. 16) Não permitia que alguém
conduzisse qualquer utensílio pelo templo; 17) também os ensinava
e dizia: Não está escrito: A minha casa será chamada casa
de oração para todas as nações? Vós porém
a tendes transformado em covil de salteadores. 18) E os principais sacerdotes
e escribas ouviram estas cousas e procuravam um modo de lhe tirar a vida, pois
o temiam, porque toda a multidão se maravilhava de sua doutrina.
Lucas (19,45): Depois, entrando no templo, expulsou os que ali vendiam,
46) dizendo-lhes: Está escrito: A minha casa será casa de oração;
mas vós a transformastes em covil de salteadores.
João nada fala a respeito do episódio no Templo.
Coelho (capítulo e versículos ainda indeterminados, pois
o Evangelho segundo Coelho ainda está em processo de inspiração):
A) Tendo Jesus chegado à Aparecida, lá nem perceberam da sua presença
pois todos os visitantes, também chamados peregrinos, preocupavam-se
com a sagrada compra de santinhos e amuletos e bentinhos e terços abençoados
e escapulários e imagens em cera, da mesminha forma que faziam os seguidores
de Baal. Jesus viu que nada aprenderam de seus ensinamentos e isso turvou seu
semblante. B) Disse-lhes Jesus, em altos brados: Está escrito. Isso aqui
é um templo de orações, mas vocês o transformaram
num mercado. Parece um covil de ladrões. Quem são esses caras
de saiote preto? Serão fariseus? Quem deu permissão para vender
bugigangas em meu templo? C) Alguns incautos riram a valer e nisso Jesus saiu
a chicotear a todos, tanto os padres, os bicheiros, os gatunos, os banqueiros,
os exploradores da cruz, os beatos, as beatas, os vendilhões do templo,
os que dizem plantar a civilização do amor, bem como os que vendiam
pombas plásticas, como lembrança de Aparecida e outras quinquilharias
inúteis, pernas de cera, braços de madeira e cabeças ocas.
D) Nesse momento todos se atemorizaram e se perguntavam: Quem é este
doudo? Quem é o barbudo sujo e maltrapilho? Quem é este louco
sacripanta? Assim diziam os pagadores de promessas, os que negociavam com os
santos, os traficantes de favores e seus mediadores, representantes do céu
em terra, donos de TVs Universais. E) Então a milícia pública,
a polícia, chegou, alertada pelos serviçais do templo, e, a poder
de umas boas e inesquecíveis cacetadas derrubaram Jesus, ao que o Rabi
disse: Outra vez? Essa não! F) A multidão apupou. Podia, novamente,
comprar e vender, comercializara figura do crucificado, expor os seus santinhos
em paz! Jesus foi levado para a Delegacia de Polícia de Aparecida.
Exegetas de várias tendências religiosas ensinaram que a conversa
foi assim direcionada:
Delegado: - Quem sois vós? (é claro que o delegado não
disse assim, na segunda do plural, mas nós, escribas contemporâneos
temos que obedecer as regras do vernáculo e do bem falar). Quem sois
vós, seu bagunceiro?
Jesus: - Jeoshua bem Yussuf, bem Miriam
Delegado: - O que? É alguma brincadeira? Não entendi nada. Que
negócio de Jussuf é esse? Respeite a autoridade presente - Jesus
olhou em volta como se procurasse alguém - Responda direito - tornou
o delegado: - Da onde vem o senhor?
Jesus: - Você não vai acreditar.
Delegado: - Tente.
Jesus: Está bem. Eu avisei...é muito difícil de acreditar,
mas, lá vai... Venho do céu. (Os policiais começaram rir.
Jesus observou essa questão e muito se turbou em seu semblante) Eu não
disse?
Delegado: - Não tem mais nada para inventar?
Jesus: - Nasci em Belém.
Delegado: (escrevendo em seu pergaminho) Ah! Agora sim... Belém... do...
Pará. Deve estar em São Paulo já há muito tempo,
pois não consigo perceber o sotaque.
Jesus: - Paulo está aqui também? Ué? Por que não
me avisou. Eu não teria enfrentado sozinho aquela multidão, sim,
pois, e repito, a multidão estava ensandecida e Paulo é grande,
pesado e gosta de descer o braço de vez em quando... Eu nasci em Belém
da Judeia....
O resto é fragmento ainda em tradução... difícil
de compreender... o fato é que Jesus notou que os policiais eram menos
violentos que os de antes e achou isso bom. Chega de cacetada. Resolveram prendê-lo
por destruir o próprio público e alheio, abriram um processo por
transitar sem documentos de identidade e por falta de decoro público.
O delegado ficou na dúvida se o repatriava ou o levava para o departamento
de identificação.
O delegado já estava cheio de hippies bandalheiros.
O delegado lavou as mãos na pia.
Imediatamente carregaram Jesus para a cela, enquanto se resolvia o caso. Lá
o homem de Nazaré encontrou-se com a ralé da cidade e disse: 'Eis
que me encontro onde devo realmente estar. Em meio a publicanos, pecadores e
dissolutos, para orar e pregar e efetuar curas milagrosas.'
Jesus levantou a voz de muitas águas e falou: 'Filhinhos. Não
temais, pois estou aqui. Sou o caminho, a verdade e a luz.'
Ao que um dos presos bradou: - Ih! Lá vem outro evangélico.
Nesse momento uma pomba cinzenta adejou pelo vestíbulo.
Os presos a pegaram e a comeram ante o assombro de Jesus que disse:
- Pusta, mas o que que é isso, meu Deus! Onde fui amarrar o meu jumento?
- Se preocupa não, barbaça, - disse um dos encarcerados - que
Deus é Pai!
E Jesus retrucou: - É! Tô vendo!
Pouca coisa mais se sabe dessa história.