A Garganta da Serpente
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Por uma andorinha

(Cintya Aguiar Nunes)

Eu sou a andorinha que não saiu de onde deveria ter saído. Nasci de um arremesso ao ar. Vim de um homem com duas patas, boca falante, cara de gente, que pensava não saber voar. O ex-mágico da taberna minhota.

Alguém que solta bichos. Ora, bonitos, ora, horrendos. Bolas uivantes de pelo, emaranhadas em patas brancas rajadas de azul, que repentinamente se transformam nas minhas penas. Coelhos alados que desenham as asas do meu corpo. Joaninhas pintadas de rosa, laranja e verde-limão que vejo na cavidade dos meus olhos. Maritacas roxas, de pernas em espiral, carimbadas com logotipos, fortemente atuantes no meu canto.

Nos dias escuros, morro a qualquer momento e imediatamente revivo a partir das mãos do ex-mágico. Mas não tão interessante como me apresento hoje. Quando o sol aparece, me empolgo na minha jornada, acompanhada por muitas outras andorinhas que nascem dele.

Aí sim, venho formosa e sigo em correntes que me fazem um pássaro de verdade. É neste instante que invento uma rasante sobre a cabeça do ex-mágico. Ele olha para cima e me admira profundamente. Mesmo sem saber de onde vim.

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