A Garganta da Serpente
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A Bela e o Violino viotti

(Armando Sousa)

Lá longe, do outro lado do mar, onde a terra principia com muitos penedos, por entremeio deles, areias branquinha, com uma espécie de lagos de água salgada que fica das marés; as áreas formadas por conchinhas quebradas pelas ondas do mar e que fizeram o alimento de tanta espuma e tantos habitantes daquele abismo quase sem fundo que vem fascinando a mente das raças humanas deste universo que nos dá vida e nos engole.

A mãe natureza foi muito meiga e pródiga para aquela montanha lusa donde se pode ouvir como num sussurro, os sons de encanto que continuam a povoar nossa mente.

Num dos pequenos vales pouco a baixo do pico existia mesmo antes dos Romanos povoarem essa península, uma fonte de águas quentes e muito frias que se podem denominar de milagrosas.

Ali, o ar que soprava do mediterrâneo era morno e criador, antes da primavera era delicioso sentir o perfume das amendoeiras que enchiam o vele e montanhas circunvizinhas que desciam ate ao mar entre o contraste do amarelo das mimosas, o enverdecer dos castanheiros e o florir de suas lamparinas amarelas, formando um tudo de beleza cor e cheiro que inebriava fazendo o viver delicioso no meio de seres humanos cheios de beleza e arte, e malícia; ali naquelas termas se juntavam as mais belas princesas de todos os canto da península ibérica.

Naquele dia morno e solarengo, Tico desceu com seu violino Viotti para experimentar o movimento de seus dedos que tinham passado o primeiros tratamentos da agua milagrosa do reumatismo, sentado no banco de pedra à sombra e perfume da Camélia, ao som de seus acorde viu se juntar muita gente que ali se encontrava em tratamento. Os pés levantaram-se e Tico ficou nas nuvens ao sentir um beijo quente e apaixonado da mais bela menina que o rodeava, o ar faltou-lhe e quase não sabia responder ao pedido de o poder acompanhar com sua flauta.

Enfim aceitou... os dedos de Tico retiravam notas que extasiavam juntamente com o som da flauta que faziam os pássaros suspenderem-se no ar e escutar, mesmo o vento parou para que o bosque não fala-se, apenas pairava no ar os acordes e o perfume das amendoeiras. a princesinha abraçou-se no pescoço do Tico confessando que estaria para sempre junto do seu grande amor, a musica, o homem e o seu violino Viotti.

Estavam nas termas de Monchique, o ar morno convidativo a descer às areias branquinhas ou à sombra dos pinheirais das falésias, ir escutar o mar, ou quem sabe ouvir o cantar de encanto das sereias; sentado na areia resguardado do sol Algarvio pela sombra de um penedo, seus dedos voltavam a retirar do violino musica de encanto, Tico agora desafiara e acompanhava o som melodioso do mar; os gritos estridentes e sussurros, o som encantador do vento e da espuma, o assobiar das algas deitadas na areia, musica que fazia a mente sonhar, Tico adormeceu ao som melodioso do mar de seus dedos movendo magicamente em seu violino vittoli.

Sonhou ou enlouqueceu, via três sereias sentadas em penedos em frente, o seu canto era um caminhar para um paraíso nunca sonhado, aquelas três sereias belíssimas gémeas, filhas do Rei das profundezas Ião Aculá e da Rainha Aquália, suas belezas eram de endoidecer os mortais; Hará Mida e a beleza de cabelos ruivos Tifa, chamavam Lito para se aproximar, fazendo gestos para jogar o violino, Lito como atraído por uma forca eléctrica se aproximava do penedo das três belezas sereias, como num conto de fadas estas principiaram o magnético cantar numa dança embaladas pelas ondas e espuma aplaudidas pelo encanto das algas.

Neste momento Lito foi agarrado pelas mãos de sua bela apaixonada que tinha seguido seus passos e o instinto de seu coração; Bela acordou Lito do encanto magnético das sereias, enchendo-o de beijos apaixonantes, encostando seus peitos ao peito de Lito desnudado, estas delicias da Bela que roçavam o tule de seu robe deixando Lito em delírio e paixão da carne.

Bela foi agarrada brutalmente por umas mãos; a quem ela chamou Sr. Meu pai largue-me que me magoa.

Bela como castigo foi levada para uma torre dum palácio onde tantas vezes as ondas batiam enfurecidas pela maldade humana, Castelo, não longe da boca do inferno onde as sereis estupefactas assistiam ao desenrolar dessa cena de amor e violência.

Lito foi preso por dois soldados que acompanhavam o pai de Bela, que não era outro senão o Rei dos Algarves.

O rei foi informado por uma concubina real, a atração que a princesa sentia pelo homem e polo violino Viotti.

Assim o rei para se ver livre de Lito o condenou ao degredo numa ilha que só as sereias poderiam ser encantadas pela musica de seu violino; sua filha ficaria libre para ser trocada por diamantes e sangue real.

As sereias viam aquela beleza no alto da torre soprando a sua flauta donde saiam gemidos que entravam pela porta do coração fazendo-o sangrar.

Tifá tinha partido a perguntar ao bruxo dos mares se as sereias poderiam amar humanos; este lhe respondeu, podereis amar com o coração, mesmo acariciar com as mãos ou beijar com na boca, mas nunca podereis desfrutar das delicias da carne; estas coisas estão apenas reservadas a vossos príncipes.

Esta sereia então prometeu amar com o coração e ajudar a juntar as delicias da carne a esses dois amantes terrenos.

Fim da Primeira Parte Capitulo I

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