Quando eu era criança, nas noites frias de inverno à volta da
lareira, ou nas noites quentes de verão encima do penedo grande, ou nas
escadas do pátio do meu lugar, denominado largo, ali se ouvia contar
muitas lendas, umas credíveis, outras pura ficção e outras
de que eu ouvi contar, ouvi dizer.
Ou antigamente passou-se isto e aquilo a caminho de São Tiago Compostela.
S. Tiago de Compostela, era a Cidade onde se enterrou o discípulo de
cristo Tiago, antigamente tinha o nome de tago ou Jacob; tinha outro irmão
do mesmo nome e um era o Tiago grande e o Tiago pequeno.; dizem ainda que estes
eram irmãos de João o amado
E este Tiago era o grande, quis evangelizar esta parte da Lusitânia do
tempo Romano, o que vinha a ser a península Ibérica.
Dizem que a mãe destes Tiagos estivera junto à cruz de Jesus e
que provavelmente esta era irmã de Maria.
Dizem que rei Herodes o mandou matar no ano 42 A/C, mas como veio ser enterrado
em Compostela isso para mim ainda é segredo, que ficará no meio
de todas as lendas, mas a verdade é que todos os caminhos iam dar a Compostela,
ao túmulo de São Tiago.
Como todos os peregrinos este ano lá estive na catedral onde se venera
esse túmulo, a gente que se vê com certos males crê e fazem
promessa,
Então conta a lenda, que Carolina Trenga, vivia em desavenças
constantes com o marido, este passavam dias sem vir a casa, e quando chegava
sempre dizia que esteve prisioneiro pelas bruxas e duendes de São Tiago
de Compostela.
Então Carolina resolveu meter pés ao caminho e ir pedir no túmulo
desse santo que foi pregador da religião cristã nesse tempo lhe
chamavam Jacob; para tal levava com ela a única vaquinha que o casal
tinha e lhes dava leite para alimento.
Depois de ultrapassar Braga...Noutro tempo seu nome seria Bracura Augusta ou
coisa parecida, ora Carolina depois de tanto andar, ao encontrar o caminho das
três montanhas, ali havia uma clareira bastante grande com diversos carvalhos
muito antigos e carcomidos num deles mais chegado à floresta, Carolina
entrou nele para descansar e fugir dos animais selvagens; deixando sua vaquinha
a pastar; Carolina estava a ser embalada pelo sono e o sonho quando da clareira
saiam os mais variados sons de musica.
A lua apareceu e a clareira tornou-se viva com fadas e lobisomens, com os toque
de harém das mil e uma noites.
As danças eram loucas em tipo de orgia, todos se beijavam e abraçavam,
escolhiam seu par e na floresta se escondiam.
Depois que desapareceu o luar os carvalhos se iluminaram com milhares de pirilampos
e a clareira voltou a ter luz tênue mas o suficiente para Carolina ver
do seu buraco o que se passava; nisto a clareira começaram chegando animais
de todas as espécies e outra vez se ouvia a musica que tocava melodias
lindas e de sensação.
Os carneiros machos lutavam as ovelhas faziam meeeeeeeeeeeee meeeeeeeee, nisto
chega um macho mais pequeno que saltou mas ovelhas sem lutar, mas foi corrido
pelos dois soberbos que lutavam; a vaquinha de Carolina também tinha
namorado, e esta esperava ajoelhada para fazer amor e o macho não se
fez espera para lhe fazer o favor,
Assim ela ficou a moar de contente com sua semente dentro.
Já a madrugada chegava, e Carolina pouco tinha dormido, ou ver fazer
tanto amor e ela tão poucas vezes faz com o marido, e começou
a pensar que tinha de ir ao São Tiago para o marido sarar.
Carolina arrancou com a vaquinha, pois ainda tinha De atravessar o rio Minho
onde se falava das travessuras de andinas fadas e mouras.
O sol ainda não tinha despontado no horizonte, mas um pouquinho da claridade
do dia sentia-se nos baixos das montanhas, entre Monção e Melgaço
onde o rio leva menos correnteza e não é profundo; Carolina montou
na sua vaquinha e vai de atravessar; ao meio encima de um penedo uma riqueza
de mulher vestida de tule que com um pente de ouro penteava seus longos cabelos
pretos mas brilhantes, o corpo transparecia através dos tules, e assim
dizia esta noite foi plena de amor; eu estou aqui por ti esperando para te fazer
um favor; sabes Carolina a tua vaquinha está prenhe com dois bezerros,
porque esta noite foi a noite do amor, quando voltares eles serão nascidos,
quero igualzinhos e todo o leite da vaquinha será para ti e os bezerros,
quando chegares eles te arrastaram um grande tesouro daqui do lado do penedo.
Ela seguiu para Compostela e chegou à catedral de São Tiago...
ali era tanta gente a bater com a cabeça na imagem de pedra, que Carolina
disse isto ou é loucura ou hipocrisia, meu marido que me cornei-e, que
eu também o ei de cornar; mas ao pé do ídolo de pedra ajoelhar
e com a cabeça bater é mesmo loucura sem par; Carolina veio de
volte onde deixou a vaquinha, que lá estava com dois touros lindos barrozões;
Carolina foi tirar leite para seu jantar, deixando o jarro junto á vaquinha
para na ração dos touros misturar, mas sua cadelinha vai queria-o
para beber... Carolina atirou com o arroxo que fez o jarro tombar e um Touro
espirrou que malhadinho ficou.
Carolina chegou ao Rio Minho a moura a sua espera; logo um jugo de ouro saiu
que fez os touros cambar e quando os touros puxavam o carro douro em pau se
estava a tornar.
A moura desapareceu, ouviu-se uma voz a falar, o ouro desapareceu por o leite
se virar.
Assim Carolina, podes pegar nas pérolas e nessa panelinha de moedas,
e volta a tua casinha, e com o primeiro homem que bater para pernoitar, podes
fazer amor até a noite acabar, pois o teu marido para ti nunca mais vai
voltar, e tu nunca mais te queres casar
Mas podes fazer amor quando alguém bater e pedir para pernoitar...
Assim se passou cada dia, e Carolina ao i ao ai, viveu sempre de alegria.