A Garganta da Serpente
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A Cotovia da Minha Rua
"Histórias em poucas linhas"

(Armando Sousa)

Sentava-me na varanda no fim da tarde olhando a rua com mais movimento depois que as crianças chegavam da escola.

Havia uma já espigadinha que me chamava mais a atenção pela maneira sem cerimónias como se treinava ou passava o tempo na erva de seu jardim.

Tal vez dez anos mas de riso muito aberto e com enorme delicadeza me dava sempre os bons dias.

Creio que se preparava para apresentação na escola... com o seu gravador, lhes dava musica e compasso para ouvi-la cantar nos seus passos de dança, com piruetas e as pernas se abriam ao máximo como se fosse uma profissional de ginástica...

Cada dia que terminava pegava no seu aparelho, de sorriso aberto me assinava com sua mãozita em gestos ondulosos de adeus e entrava dentro de casa.

Haviam diversos que andavam na rua e paravam a ver aquela cerejinha no seu pintar a fazer malabarismo com seu corpo como borracha mas onde não se notavam ossos.

Para mm, essa cotovia era um espectáculo; adorava essa criança, que me fazia lembrar as minhas quatro filhas quando crianças e frequentavam a escola.

Dias passaram que deixei de ver essa menina; sentia saudades, era o meu espectáculo de todos os dias.

Vi um dia que ela muito triste fugia de se encontrar com meus olhos...

No meio de tudo isto, havia alguma coisa estranha; parecia-me ver preto no seu lado da orelha esquerda;

Quis saber mas então ela mais depressa fugiu para dentro de casa.

Fiquei intrigado com o sucedido, mas achei que ela tinha a sua razão para fugir dos homens; mas eu que a vi quase nascer e crescer sentia por ela um amor e respeito de como fosse uma filha, daria tudo para vê-la feliz como o foi tantos anos.

Um dia peguei no carro para apreciar seu trajecto da escola para casa.

Logo que ela deixou as amigas, vi um homem sair do nada e a chamar; a cotovia da rua deitou a correr fugindo.

O homem fez um esforço para agarrar a mocinha...

Parei o carro e risquei no telefone o 911, explicado o sucedido... não houve dificuldade em ser preso o homem, conhecido bem da policia.

A minha cotovia da rua tinha sido forcada pelo pedófilo e ameaçada de morte.

Esta confessou o que lhe tinha sucedido, depois de reconhecer o homem na polícia como seu estuporo e ladrão de sua alegria

O escritor nada tem a ver com esta história...

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