Soco forte no queixo. Tonteou prum lado, e lá vinha outro murro de punho
fechado. Tonteou de novo. Caiu o pobre. O rosto inchou na hora. A boca floreou.
O sangue verteu. As pernas trogloditaram pela estrada seca numa fuga desesperada.
O homem tinha medo da surra, mas não podia evitá-la. Apenas pedia
"PelamordeDeus pára cum isso". Já ia pra lá mês
que apanhava quando passava por lá, o coitelinho. Apanhava por apanhar...
O amor que morava no coração dele, rareou. Chegou a raiva. Muita
raiva dos Nereu.
No espelho de casa viu os olhos avolumando. Pensou nos Nereu. A cara arredondava
pra caber os olhos crescidos. Inchavam, cresciam de dar medo. Duas bolas acesas
na cara redonda do infeliz. Pensou na raiva. Chamou a mulher aos berros. Assustada,
benzeu-se e entoou uma reza em voz alta. Era o coisa ruim! - dizia ela. Ele
rezou também. De nada adiantou. Suas orelhas se movimentavam sem querer,
à olhos vistos. Incharam e cresceram, cresceram de dar medo. As duas
orelhas ficaram enormes, maiores que a cara. A mulher gritava. Ele espumava
de raiva. Ela rezava fazendo o sinal da cruz. De nada adiantou.