A Garganta da Serpente
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O menino e o cão

(Alberto Metello Neves)

Havia em uma pequena cidade do interior, um menino de dez anos, chamado Quinzinho. Filho de sitiantes, mas muito arteiro, não queria estudar e nem ajudar os seus pais nos trabalhos da propriedade.Vivia com eles, um cãozinho chamado Caçador. O cãozinho era muito amigo da família e mais ainda, do menino. Este maltratava bastante o cãozinho, batia nele e muitas vezes, nem água dava para ele.

Mas, Caçador era muito humilde e acompanhava sempre o Quinzinho, por onde ele fosse.

Certo dia,foi até a uma lagoa próxima da sua casa, jogar pedras nos peixinhos que lá habitavam o nos pássaros que ficavam cantando na beira do lago.

Quando jogou uma pedra maior em um passarinho, perdeu o equilíbrio e caiu dentro da lagoa.

Caçador viu aquela cena e imediatamente se atirou na água, conseguindo agarrar o menino pela manga da camisa, trazendo-o de volta para a margem. O menino ficou bem, porém, zangado com o cão, porque havia rasgado a sua camisa. Começou a lhe atirar pedras.

Caçador saiu correndo para não ser atingido pelas pedradas. Sentou-se sob uma sombra e ficou observando o seu dono, que era muito mal-agradecido. Mas, o cãozinho continuou seu amigo.

Continuando as suas artes, pois era muito peralta, Quinzinho entrou em um pomar de laranjas, sempre observando se o dono estava por perto, para poder pegar os frutos e fugir com eles.

Assim fez. Tirou a camisa, amarrou-a fazendo uma pequena sacola e lá, colocou os frutos que retirara dos pés.

Já havia colhido bastante, quando o dono do pomar chegou, armado com uma espingarda e disse: "se você não me pagar os frutos roubados, eu lhe darei um tiro". Quinzinho não tinha um real sequer.

Então a promessa foi cumprida. O tiro foi disparado contra o Quinzinho. Mas, neste instante, o seu fiel amigo Caçador, entrou na frente do amo e recebeu a bala disparada. Caiu sangrando e gritando de dor. Quinzinho,então fugiu, deixando o seu amigo para traz.

O dono das laranjas, vendo aquela triste cena do pobre cãozinho caído e sangrando, pegou-o, levou correndo para a sua casa, colocou-o no seu jipe e foi para a cidade vizinha procurar um veterinário. Lá chegando, o médico retirou a bala do Caçador, fez um curativo e deixou-o "hospitalizado" até o dia seguinte. Recebeu medicamentos, água boa e ração. O cãozinho passou bem durante noite e pela manhã o veterinário fez-lhe outro curativo e o mandou para casa.

O dono das laranjas foi pessoalmente levar Caçador para casa, que ficou muito contente quando viu o Quinzinho. Chorava de alegria e vergonha, pois o papel que ele fez em abandonar o amigo quando este mais necessitava dele, doía muito nele.

A partir desse dia, Quinzinho mudou e não mais maltratou o Caçador e nem outro animal. Ele viu que quase perdeu o amigo que o ajudara muitas vezes e isso não é papel que um bom menino faça.

Chegou até a ajudar os seus pais na propriedade. Passou a dar importância à amizade, até de um fiel cãozinho. Valeu a lição.

(04/02/2002)

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