A Garganta da Serpente
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O Castelo Encantado

(Alberto Metello Neves)

Esta história aconteceu na Espanha na época em que o poder estava nas mãos dos reis.

O país atravessou um verão muito seco e as colheitas foram todas perdidas. Com a chegada do outono, só decepção. Nada havia para colher.

Os camponeses, uns buscavam trabalho em outros locais dentro da Espanha. Outros saiam para outros paises em busca da sobrevivência.

Nessa situação desesperadora se encontrava Pedro Fernandez, o lenhador. Muito cedo perdera os seus pais e com a falta do trabalho, não tinha sequer um local onde pudesse se abrigar.

Pedro era jovem e determinado. Continuou a sua viagem em direção a Granada, no sul da Espanha, com a intenção de ali arranjar um emprego e recomeçar a sua vida. Não tinha recurso algum.

À noite, muito cansado, com muita fome e sem dinheiro para pagar uma estalagem, resolveu dormir na relva de um antigo castelo mouro, em ruínas.

Não se passou muito tempo, Pedro sentiu que alguém tocava em seu ombro. Ficou muito assustado. À sua frente estava uma estranha senhora, vestida de preto e nada falava. Carregava uma vela acesa e fazia sinal para que ele a seguisse até o interior do castelo.

Ao chegar, ficou sobressaltado com o que viu. A sua frente, um suntuoso salão, que tinha ao centro uma mesa posta com os mais ricos e saborosos manjares. Pedro sentou-se e se fartou de tanto comer, pois a fome o estava aniquilando.

Terminado o jantar, a senhora, ainda em silêncio, o encaminhou para um aposento riquíssimo. Pedro trocou os seus farrapos por roupas de príncipe, deitou-se na cama e dormiu profundamente.

Era já meia-noite, quando a senhora o acordou e lhe disse: Pedro, você tem dado provas de sua coragem e de grande valor. Outras pessoas não conseguiram os feitos que você conseguiu.

Você vai passar por outras provas ainda, mais fortes e libertar uma frágil princesa de um encantamento que muito a faz sofrer.

Quer tentar? Você conseguirá.

Que devo fazer? - disse-lhe Pedro.

Vou lhe dizer.

Terá que passar três dias e três noites nesta cama, disse-lhe a senhora. Não poderá se mover e nem gritar, aconteça o que acontecer.

Muito bem, respondeu-lhe Pedro. Resistirei.

A senhora sumiu como por encanto. Sem que Pedro notasse, chegaram vários "espíritos" armados de porretes e lhe deram uma surra para nunca mais se esquecer. Ficou todo ferido e com dores no corpo inteiro. Passou a noite suportando o acontecido, como havia prometido à senhora.

Quando amanheceu, ela chegou e lhe deu alimentos e um bálsamo mágico para as suas feridas que ficaram imediatamente curadas, como se nada houvesse acontecido.

Na noite seguinte, ocorreu o mesmo fato. Pedro de nada reclamou e novamente ficou todo "moído".

No dia seguinte, a senhora apareceu, deu-lhe alimento e aplicou-lhe o bálsamo mágico, que o curou rapidamente.

Na última noite a cena voltou a se repetir. Pedro, sempre calado, aguentou todo aquele sofrimento, pois já era a sua última prova.

Porém, algo diferente aconteceu. Em lugar da senhora que o amparava e curava, surgiu uma bela e jovem princesa que o banhou com uma poção mágica e Pedro ficou imediatamente como se nada houvesse acontecido.

Levantou-se, trocou de roupa, colocou trajes de príncipe e desceu para o salão para tomar os seus alimentos junto com a princesa que havia sido libertada do encantamento que a prendia por muitos anos. Era filha de um sultão do Marrocos e para o palácio do seu pai, deveria voltar.

Você deve me procurar e encontrar.

Dito isto, desapareceu como por encanto. Pedro voltou a ter as suas roupas esfarrapadas e sujas, abrigado pelas ervas daninhas que cercavam o castelo.

Resolveu procurar a princesa. Não tinha recurso algum e por isso a caminhada ia ser longa, árdua e vagarosa. Com muito sacrifício e determinação, chegou ao castelo do sultão.

A princesa achou que Pedro havia falhado com a promessa e aceitou a mão de um outro pretendente assim iria se casar.

Porém, quando subia no coche nupcial, a princesa viu aquele maltrapilho, o Pedro, com os olhos cheios de lágrimas, que a observava ao pé do palácio.

Há algum tempo, disse a princesa ao seu pai, perdi a chave do meu porta-joias e tive que arranjar outra. Porém, acabo de encontrar a antiga. Qual delas devo usar, meu pai?

A antiga, respondeu-lhe o sultão.

Então aqui está a antiga, meu pai. Agarrou o Pedro pelas mãos e disse: "este valente cavalheiro conseguiu me tirar do castelo encantado, onde eu me encontrava presa".

Portanto, caso-me com ele. O meu noivo está livre para procurar outra pessoa com quem se casar.

O casamento se realizou. O sultão, deu-lhes magníficos presentes, com os quais viveram felizes por longos anos. A coragem e a persistência do Pedro, fizeram com que ele alcançasse a realização do seu tão esperado sonho.

(16/06/2002)

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