A Garganta da Serpente
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Equipe Antártica

(Alberto Metello Neves)

Era inverno de 1942, em plena segunda grande guerra mundial. O Geólogo John Kane da Universidade de Stanford foi convidado pela Marinha dos Estados Unidos para desenvolver um projeto no polo sul.

No Ministério da Defesa, recebeu esta incumbência de relevante importância comandando uma equipe de homens preparados para a missão.

O navio zarparia daí a dois dias. O Professor examinou todos os detalhes da viagem que deveria cobrir um período de seis meses em terreno rigorosamente inóspito.

O navio Albatroz possuía uma sofisticada rede de comunicação, um laboratório de análises de qualquer material que fosse encontrado.

No dia agendado, o Albatroz levantou âncoras, às seis horas da manhã rumando em direção ao ponto mais distante do polo sul.

O frio era intenso. Os abrigos eram adequados ao enfrentamento das intempéries que viriam. A tripulação continuava sem saber os reais objetivos dessa aventura.

Quatro dias após, o comandante convocou uma reunião, na qual esclareceu os objetivos, da viagem. Vamos para o local mais distante do polo sul para instalar e guarnecer uma estação meteorológica, que vai permitir aos Estados Unidos manter uma base de estudos naquela região.

Um segundo motivo as condições meteorológicas do hemisfério sul têm a sua origem na Antártica, portando deverão ser monitoradas desde o ponto mais distante.

Estavam navegando em direção às ilhas Malvinas, quando a tripulação avistou blocos de gelo de grandes proporções que se soltaram do continente antártico e vaguearam pelo estreito de Drake.

Ao amanhecer havia uma densa neblina que empanava toda a paisagem hostil, mas bonita ao mesmo tempo, principalmente quando se avistava os pinguins a passear por aquele imenso platô gelado. Fora este espetáculo, apenas gelo. Nada mais se avistava.

Mais tarde, esta neblina se dissipou e foi possível enxergar uma arrebentação e ao fundo, a presença de uma ilha solitária de aparência desolada com seus penhascos emergindo do mar.

Parecia que se aproximavam da terra firme. Talvez tivessem chegado ao seu destino, pelo menos próximo. Continuaram até o estreito de Bismarck, onde existia uma lagoa mais profunda e que permitia ao navio lançar âncora para descarregar o material de construção da base.

Foi trabalhosa essa descarga que durou aproximadamente quarenta e oito horas. A dificuldade maior estava em levar toda a carga por um aclive, não muito forte, mas escorregadio a uma distância de cem metros do mar.

Decidiram então que o trabalho seria mais eficiente utilizando-se um guincho, o que foi feito. Todo o transporte terminou bem. No dia seguinte, a tripulação iria trabalhar nas instalações.

Como previsto, começaram a montar a base. Prepararam os alojamentos. Começaram a montar os abrigos para os equipamentos meteorológicos e um laboratório de pesquisas de solo. O abrigo para as provisões alimentares e outros, além de combustíveis.

A manhã seguinte chegou convidativa. Com as condições favoráveis do clima, o Professor Kane iniciou os levantamentos de solo, que consistia estatisticamente de perfurações (buracos) no gelo a cada vinte e cinco metros, com a respectiva coleta de material. Utilizaram para as perfurações, cargas de TNT que eram acionadas por controle remoto. A operação era segura. Conseguiram chegar às encostar do monte McCumber. O material coletado (pedaços de rochas) seguia para o laboratório, onde era classificado antes das análises.

O sol já ia desaparecendo, prometendo voltar daí a dois meses. Eram períodos de escuridão total. O levantamento não seria interrompido por essa razão. Continuaria nas noites claras pelas estrelas ou luar, ajudado pelos equipamentos levados pela equipe.

Muita nevasca aconteceu. A permanência da equipe ficou seriamente prejudicada nos abrigos. No laboratório, os exames continuavam. Identificaram vários metais, mas sem interesse econômico ou bélico.

Num certo momento, um técnico em análises procurou o Dr. Kane para lhe dar a notícia, que haviam identificado urânio. As pedras trazidas foram estendidas e preparadas para os exames. O resultado foi surpreendente. Passaram o contador Geiger e ficaram ouvindo os sinais. Era urânio mesmo.

Prepararam uma expressiva quantidade de rochas para serem levadas para os Estados Unidos. Os trenós que os levariam até o Albatroz estavam prontos.

Após longa viagem, chegaram à lagoa onde se encontrava o navio e daí, zarpariam para as suas casas. O navio levantou âncora, deixando para traz aquela tenebrosa região.

Ficaram muito contentes quando passaram o estreito de Drake e atingiram as ilhas Malvinas. O mais difícil já havia ficado para traz. Todos comemoraram o retorno. O Dr. Kane mandou abrir algumas garrafas de bebidas. Vinte dias após, chegaram ao destino.

Foram recebidos por autoridades federais.

Senhor, disse o Professor Kane ao Ministro: vou encerrar o meu relatório, despedir-me da tripulação e voltarei à Universidade. Missão cumprida.

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