Enroscam-se-lhe ao trono as serpentes doiradas
Que, César, mandei vir dos meus viveiros de África.
Mima a luxúria a nua - Salomé asiática...
Em volta, carne a arder - virgens supliciadas...
Mitrado de oiro e lua, em meu trono de esfinges -
Dentes rangendo, olhos de insónia e maldição -
Os teus coleios vis, nas infâmias que finges,
Alastram-se-me em febre e em garras de leão.
Sibilam os répteis... Rojas-te de joelhos...
Sangue e escorre já da boca profanada...
Como bailas o vício, ó torpe, ó debochada -
Densos sabbats de cio teus frenesis vermelhos...
Mas ergues-te num espasmo - e às serpentes domas
Dando-lhes a trincar teu sexo nu, aberto...
As tranças desprendeste... O teu cabelo, incerto,
Inflama agora um halo a crispações e aromas...
Embalde mando arder as mirras consagradas:
O ar apodreceu da tua perversão...
Tenho medo de ti num calafrio de espadas -
A minha carne soa a bronzes de prisão...
Arqueia-me o delírio - e sufoco, esbracejo...
A luz enrijeceu zebrada em planos de aço...
A sangue se virgula e se desdobra o espaço...
Tudo é loucura já quanto em redor alvejo!...
Traço o manto e, num salto, entre uma luz que corta,
Caio sobre a maldita... Apunhalo-a em estertor..
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- Não sei quem tenho aos pés: se a dançarina morta,
Ou a minha Alma só que me explodiu de cor...