Traiçoeira como a língua do diabo
Ela entrou, negra, na noite brilhante
Do quarto escuro dos amantes
E como se encontrasse seu caminho
Pelas colchas e cobertores
Mordeu-lhe exatamente a maçã
Ele nem sequer pode gritar
Apenas esticar o braço duro
Como se tentasse alcançar a vida
Perdida no quarto escuro
A amante acorda confusa
Apertando seu corpo, ambos nus
E vê seu rosto desfalecer
Como uma pedra atirada ao lago
E a marca de ferida, sangrando
Cravando em sua alma eternamente
A lembrança da perda e da solidão