Como mordida ferina e dolorosa,
esta saudade mata, aperta e dói,
bate na carne uma dor horrorosa,
come aos pouco destrói e corrói.
Vento forte que açoita e devasta,
como saudades avassala e arrasa,
abate nossa vida sem dó e arrasta,
de roldão os sentimentos devassa.
Como resistir a esta inevitável sorte,
que a vida de tal forma nos reserva,
se ela chega de repente e é tão forte?
Se assim fui eu mordido por esta cobra,
e por mais que eu tente a dor conserva,
é por eu lhe trazer no coração, escondida!.