A Garganta da Serpente
Adoradores de Serpentes poemas sobre ofídios
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serpente

Pelos seus dentes de fera, em plena ruína da madrugada
mastiga a carne das mulheres, nas ruas engole
as prostitutas
cobaias de uma vontade geradora
sorves goles de uma espuma aquosa, é estranha a carne atravessada de teus olhos
é um insulto essa tua palavra sem medida
são luminosos de um vadiar, caminhando ao longo dessa escassa luz refletida
poças e poças, lodonosa esfera chamada ponto
há tantas linhas neste teu corpo, demarco-te com alfinetes puramente simbólicos
apenas as fisgadas que sentes deste sentido instinto de amor
difamo curvas, retos, diagonais e espectros
zombar da matéria é o mesmo que soprar o nada e tocar sem ouvir
retenho ancas tuas em recuos, me mostro displicente
não há nada mais verdadeiro do que a satisfação
sorrio imensa ingratidão

Queres um caos? despe-te, despede-te desta pele de fêmea, não exalte teu macho, animus, anima, vem segue rumo
espia, atrás dos gemidos, não coitos
de concreto mesmo, o tempo e o espaço
sem geografias, e "lias", e "gias"
Como me ofertas qualquer culto, sem antes me apontar algum irmão?
semeio contradição, dela nem um sim e um não
me dê o que pegar com as mãos ou o que sentir verdadeiramente
é ruína, irmã, intrépida ascendente
a-bissal, sal, base, retina, uma tina mesmo de escatologias, não há nada depois deste que antes também já não houve
qual irmã, qual paradoxo desfrutar nessa mais uma aniquiladora manhã
corpos, faixas, cartazes que te digam, outdoors de inteiriças opiniões DE NADA

Queres coagular células com tuas idéias, instaurar um servo - cervo
não
tateas veias, vislumbras teias, hoje é meio serpente de ti mesma, se engula e depois me conte o que viste
em tuas carnes pensantes, em tuas vísceras de restos e restos
ví-cera o grão, decanta, talvez eis enfim algum pão para nutrir
é cedo para saber, é tarde para desistir, no entre meio e fim, só o começo conheces
eu traço idéias insensatas
não se esqueça que sou aquela que apenas veste e come
repentino grito estridente
saio pela porta dos fundos da manhã
deixo-te um até logo irmã, entre-linhas
entre-dentes, coxas e serpentes


Amarello

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