Ondulando anéis rubros e negros, a cobra
era bela
e vinha deslizando no jardim
quando a vi
- num misto de temor e êxtase.
Vencem em mim, no entanto, o selvagem
que saiu à caça da presa
que se enroscava
mimetizando-se
com as flores no gramado.
Atiro-lhe na luta a lança
corto-lhe o corpo em uma
duas
três
partes
e nauseado
com o veneno do remorso
afasto-me
deixando atrás a beleza destroçada.
A tarde enrolava rubros e negros anéis sobre as montanhas
e o Sol morria perplexo sobre os crisântemos e dálias.
- A poesia
não resgata
- o que matamos no jardim.