A Garganta da Serpente
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Sopro de vida

A brisa fresca invadiu o ambiente
fugida do mormaço da primavera paulistana.
Trouxe o pó das calçadas
e a fuligem que escapa dos motores.
Trouxe rolando no espaço
pregões de camelôs,
esperanças de pedintes,
sirenes de urgências sem fim.
Tem o aroma dos chuviscos de ontem
e a cor de um sol nublado que persiste.
Talvez seja um resquício
de algum furacão caribenho
que se espalhou na América
cruzando o Atlântico sobre águas inquietas
que se amansam somente no leito do Mediterrâneo.
Ares de jornadas incertas que adentram
e avançam no continente negro
fazendo meia volta sobre
os mares revoltos do Cabo da Boa Esperança.
Ventos indecisos entre sul e leste
que resfriam-se no vértice do cone sul
e cá desembocam
já dóceis
por entre frestas e vãos
de janelas e portas que se refugiam das ruas.
Doce brisa que refresca meu dia
e embala no éter as palavras
que pousam em meu coração,
escorrem em minhas veias,
precipitam-se por meus dedos
até chegarem aqui
como dádivas de um sopro divino.



Obed de Faria Junior

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