Ontem lhe arrancara a vida a mulher amada,
hoje desespera-se com a filhinha ardendo em febre;
escuta ao lado seu nome ovacionado pela plebe,
reclamam o palhaço, a diversão da meninada.
Do camarim a pintura lhe cai lacrimejada
e mostra na arena uma tristeza alegre;
o amor àquela gente não deixa que se entregue.
Com caretas canta e ri-Hoje tem marmelada?
Aos risos da galera espalha sua graça
e disfarça na maquiagem num sorriso inteiro
um indefinível pesar que a angústia traça...
Permite-se aquela dor- um punhal cravado-
e enquanto cambalhotas dá no picadeiro
rasga-lhe o peito o coração ensangüentado.