A Garganta da Serpente
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O bêbado e seu devaneio

Viajando nas ruas errando de bar em bar
Tropeçando em minhas pernas, sigo a caminho do mar
O mar que não encontro
Este mar de solidão chamado de São Paulo
Meus joelhos doem ao passar por mais um frio arranha-céu
Pergunto-me se existe vida além disso
Se existiria o meu "eu" longe desta realidade a qual estou conformado
Esta dura realidade que vejo em cada um dos nossos cidadãos
Todos lutando por um lugar ao Sol, não percebem que este Sol irá os queimar
Que a realidade da grana não faz o barato de nenhum doido
E que precisamos ser doidos para não enlouquecermos neste mundo insano
Precisamos escapar de alguma forma deste duro asfalto
Mesmo que os seres das trevas tomem meu coração de assalto
A cabeça vazia é a casa do diabo
O mesmo se diz do conformismo com os padrões a nós impostos
Não quero ser aclamado, nem ao menos quero um posto de atenção
Quero seguir sendo o mesmo maluco, enquanto meus calcanhares o permitirem
Enquanto explodirem em minhas entranhas todos estes hormônios de minha juventude
Que o amor nunca mais seja o mesmo para mim
Que cada amor soe com um tom diferente, para assim poder escrever minha canção
A canção que tocará meu ser
Aquela mulher por quem perderei os sentidos, por quem minhas pernas se dobrarão
Que eu possa errar por esse mundo sem um filho da puta em seu paletó para me ordenar
Um mega-empresário que neste pasto-mundo se dedica a explorar, a seus "employees" ordenhar
Mas a mim não
A este maluco não.
Como já disse antes, na loucura cotidiana somos todos culpados
Mas não assumo a ignorância de pessoas que não se abrem a novas opiniões
Pessoas que se sentam em suas poltronas observando o inferno se formando a seu redor
O Sol já dá suas caras
Estou sem cigarros, deixei em meu caminho um rastro de garrafas
Isso me satisfez?
De certo que não, mas todos morremos um dia não é mesmo?
Deus permita que este doido morra doido



Bruno Bercito

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