(Janela de um apartamento na Vila Madalena - São Paulo)
Passarinho perdido,
ovo de Horácio.
Metafísica,
concreta solidão urbana
nesse palco iluminado
de postes e holofotes,
nas ruas de Pixote.
Sem árvore bacana
para fazer ninho num galho aconchegado,
como o natural esperado.
Aberração moderna
- quase humana -
enlouquece o bicho,
com barulho congestionado.
Sociedade insana,
o banaliza
a ponto de botar ovo
na esquadria fria
da jardineira de cimento
vazia,
onde o sol nasce quadrado.
A polpa da vida acontecendo,
pulsando,
correndo riscos
e dando seu recado.
Como um poema destinado.
Síndrome de sobrevivência ao relento,
de um rebento abandonado.
Insistindo na beleza de SER
e acontecer,
predestinado.