Em recente visita a locadora, deparei com o filme Fahrenheit 451, de François
Truffaut, rodado em 1966 e tendo Oskar Werner no papel de Guy Montag, personagem
principal da trama.
O filme leva para as telas o livro de mesmo nome do escritor americano Ray
Bradbury. Trata-se de uma das mais importantes obras de ficção
científica já escritas, publicada originalmente em 1953.
Para quem gosta do gênero, o autor cria uma sociedade futurista onde
é expressamente proibida a leitura de livros, os quais, quando encontrados,
são queimados pelos chamados "bombeiros", que ao invés
de apagar incêndios ateam fogo em todos os exemplares que encontram pela
frente. Referida lei é emanada de um governo opressor e busca com isso
manipular a população, mantendo-a ignorante e submissa.
Carlos Heitor Cony, em artigo publicado na Folha de São Paulo, em 25/02/2007
(cujo recorte encontrei dentro da minha edição - que não
será queimada), já mencionava que: "O argumento para justificar
a queima de livros é simples: transmitindo a cultura e a arte, os livros
tornam os homens desiguais em gênero e grau."
Montag é um dos chamados bombeiros, porém sua impressão
sobre os livros muda após conhecer Clarissa, a qual lhe instiga ao prazer
da leitura levando-o a burlar a lei. A esposa de Montag, por sua vez, é
completamente alienada e refém da televisão, que exerce sobre
as pessoas elevada carga de domínio psicológico visto que a comunidade
praticamente não sai às ruas, preferindo viver trancafiada em
suas residências.
No meio desse cenário de mediocridade existem pessoas que infringem
a lei vigente e procuram consolo na leitura, lendo e relendo livros às
escondidas, camuflando seus exemplares da melhor forma possível visto
a delação ser uma prática constante entre os vizinhos.
É o que acontece com Montag, entregue às autoridades pela própria
esposa que não consegue conviver com a pressão de ter livros escondidos
em sua casa. Quando chamado para queimar seus próprios livros, ele fica
fora de controle, incendiando sua morada. Foge então à procura
de Clarissa, que anteriormente lhe havia confessado sobre a existência
de um lugar onde estão as chamadas "pessoas livros": homens
e mulheres que decoram obras literárias e atendem pelo nome delas, mantendo-as
vivas em suas memórias e assim impossíveis de serem queimadas.
Como se percebe, há uma luz no fim do túnel. Essa comunidade
isolada e intelectualizada haverá de ser chamada novamente para transcrever
os livros que foram queimados, mantendo incólume toda a sabedoria que
deles irradia. Essa é a crença deles.
Ainda que o filme procure retratar a obra fielmente, faltam-lhe detalhes importantes,
tal como a perseguição ao personagem principal por um cachorro
mecânico, nominado Sabujo, inspirado por Ray Bradbury no famoso cão
dos Baskerville, da obra de Arthur Conan Doyle.
Na mesma linha do livro de Bradbury temos "1984", de George Orwell
e "O Admirável Mundo Novo", de Aldous Huxley. No gênero
de ficção científica não podemos esquecer de Philip
K. Dick, famoso por seus livros "Minority Report - A Nova Lei", "O
Caçador de Andróides", "O Homem Duplo" e "O
Homem do Castelo Alto", onde narra o destino da humanidade caso os alemães
tivessem vencido a segunda guerra mundial. Stephen King também andou
por essas terras e H. G. Wells merece destaque pelo seu "A Guerra dos Mundos".
Isso apenas para citar alguns.
Ray Bradbury ainda é autor de "As Crônicas Marcianas"
e "Algo Sinistro Vem por Aí", sendo que a editora Globo acaba
de lançar "A Cidade Inteira Dorme".
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