Na maioria das histórias conhecidas do gênero, os vampiros sempre
foram caçados pela Igreja, historicamente o mito foi atravessado por uma
estaca cristã, a Igreja não aceitou a idéia do paganismo
camponês e acabou entrecruzando a mitologia do vampiro com a dos demônios,
com a perversidade inumana e com a essência do mal.
Uma lenda antiga que percorreu alguns séculos para que a literatura o reconhecesse
como um tema interessante, apesar da perseguição da Igreja. E a
luta entre Igreja e vampiros deu muito que falar, mas uma união. Esse é
o ponto que argumento do livro Trevas (Giz editorial, 288 pp, R$
35,00), do arquiteto e escritor J. Modesto, faz, para combater o mal só
alguém que conheça o mal.
A história se inicia no Vaticano, onde um cardeal, o italiano Giuseppe
Giglio leva ao próprio Papa um dossiê misterioso. Sua Santidade Pontífice
após ler o relatório, dá ao cardeal carta branca para enfrentar
um dos servos do Anjo Caído, que ameaça retornar. O Cardeal Giglio
faz uma aliança com um vampiro, que terá a missão de confrontar
esse demônio. O vampiro parte para o Brasil, especificamente para o Rio
de Janeiro, encontrar o humano possuído pelo demônio, antes que ele
acorde. Por ironia, o corpo é de um deputado federal, um dos poucos que
não é corrupto. Em meio a busca, o vampiro francês, que se
alimenta somente de sangue de homens maus, encontra um justiceiro mascarado -
um herói das ruas cariocas em meio ao tráfico de drogas, que deseja
vingança contra um chefão das drogas. Juntos, em meio às
diferenças irão fazer frente às forças deste demônio,
que ainda tem o poder de manipular as forças do elemento terra.
Em uma narrativa cheia de ação, o autor constrói cenas de
terror e suspense, com tiros e explosões, em um cenário conhecido
nosso, a São Paulo e o Rio de Janeiro do tráfico de drogas. Um misto
de realidade e ficção, que J. Modesto traz com maestria o vampiro
tradicional de volta à vida, sem frescuras a la Buffy ou Angel. Trevas
possui um final avalassador e surpreendente, onde as ruas do Rio nunca serão
as mesmas, uma batalha entre o real e o irreal.
J. Modesto, influenciado pelas histórias de mestres como H. P. Lovecraft,
Edgar Alan Poe e Stephen King, dos clássicos Stoker e Mary Shelley, além
é claro do brasileiro André Vianco, procurou neste livro mostrar
uma história onde os sinônimos do termo Trevas, sinônimo de
MAL. " TREVAS como sinônimo de NOITE. TREVAS como sinônimo
de DESESPERO". Como ele próprio fala, em uma entrevista ao ler
o livro, o leitor irá identificar os significados que TREVAS empresta a
cada um dos personagens e chegarão a conclusão de que o título
é a alma desta obra.
Trevas
Autor: J. Modesto
Giz Editorial
288 páginas
Ano: 2006
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