Das imensas torres elétricas caem vertigens que entortam meus labirintos.
Esqueletos de aço de minha infância que, de braços abertos,
imitam águias e voam ao vento fresco do céu.
Distante da vigília não tenho medo. Em sonhos sou corajoso e monto
sobre a cabeça de meus gigantes. Bolino as nuvens e arranco pedacinhos
que levo à boca. O gosto bom de açúcar é doce como
o menino lá no alto que acena com os dedos lambuzados e apronta caretas
para os aviões. Das janelas dos edifícios, adultos descreem
do monstro - porque são adultos e dormem pensando estar de olhos postos
na realidade.
A criança, em vigília, brinca para não acordar o homem
que sorri.